As declarações de impostos de Donald Trump entre 2015 e 2020 vão ser tornadas públicas, numa decisão rara da Câmara dos Representantes que surge a par da revelação de que o fisco norte-americano não analisou as contas de Trump durante dois anos, quando ainda era Presidente dos Estados Unidos.

A votação, que se prolongou durante quatro horas na noite desta terça-feira, é um momento raro — acontece apenas quatro anos depois de esta comissão da Câmara dos Representantes ter começado a pedir acesso a estes documentos — e divisivo: se os democratas celebram a decisão de libertar os documentos, insistindo que isto garantirá que o sistema de “pesos e contrapesos” que caracteriza o regime norte-americano continua a salvo, os republicanos falam numa decisão grave para o futuro da privacidade dos contribuintes.

Declaração de impostos de Trump entregue aos congressistas democratas dos EUA

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Segundo o New York Times, a informação que será tornada pública incluirá as declarações de impostos de Trump nos últimos seis anos, incluindo as de oito empresas a que está associado e respetivas auditorias.

Além disso, os democratas com assento na Câmara dos Representantes revelaram durante esta sessão, fechada a jornalistas, que obtiveram provas de que o IRS (o fisco norte-americano, responsável pela recolha de impostos) não analisou as declarações de impostos de Trump durante os dois primeiros anos da sua Presidência (2016 e 2017), apesar de ter uma regra específica que prevê auditorias às contas dos Presidentes em funções.

A agência norte-americana acabou por só lançar a auditoria prevista na lei depois de o democrata Richard-Neal ter pedido os registos dos impostos de Trump em 2019. E essa análise ainda não foi terminada.

A líder cessante dos democratas no Congresso norte-americano, Nancy Pelosi, já veio reagir aos resultados, que diz revelarem a “necessidade urgente de legislação que garanta que o público pode confiar na responsabilização e transparência real durante as auditorias às declarações de impostos dos Presidentes em funções — não só no caso do Presidente Trump, mas de qualquer Presidente”.

Nos 15 anos antes de ser Presidente, Trump não pagou impostos em 10 deles — e duas vezes foram só 750 dólares por ano

O New York Times já tinha noticiado que Trump não pagou impostos em dez dos quinze anos que antecederam a sua Presidência, por ter declarado perdas muito consideráveis, e só ter pago 750 dólares em impostos no ano em que venceu a corrida à Casa Branca e no ano em que assumiu a Presidência (2016). As declarações existentes revelam um empresário que registava perdas “crónicas”.

As informações agora conhecidas, combinadas com essas, revelam que em 2018 Trump teve um saldo positivo nas suas contas pela primeira vez numa década, depois de ter vendido propriedades e investimentos. Mas em 2020 o saldo terá voltado a ser negativo, isentando o antigo Presidente de pagar impostos nesse ano.