A Comissão Nacional de Saúde da China (NHC) parou de publicar os relatórios diários com o total de novas infeções e mortes por Covid-19. Isto numa altura em que se põe em causa a veracidade dos dados até então divulgados, devido à suspeita da explosão do número de casos positivos provocados pelo alívio sem precedentes das medidas de combate à infeção — até ao início do mês, a população chinesa vivia de acordo com as regras incluídas na política covid zero.

“Informações relevantes sobre a Covid serão publicadas pelo Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças para referência e investigação”, disse a comissão, em comunicado citado pelo jornal inglêsTheGuardian. Os motivos para a alteração da atualização não foram detalhados.

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Na semana passada a Organização Mundial de Saúde — que parou de receber atualizações sobre as novas hospitalizações em território chinês, desde que Pequim aliviou significativamente as restrições — veio deixar alertas: avisou que a China poderia estar a ter dificuldades em manter atualizado o registo das novas infeções por Covid-19.

Ao mesmo mesmo tempo, começaram a surgir relatos de um aumento pela procura de crematórios, sinal interpretado como prova do aumento de infeções e, consequentemente, mortes ligadas à Covid-19— e que contradizem as informações oficiais da China, que dão conta de menos de dez mortes causadas por este coronavírus nos últimos 15 dias.

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A Airginity, empresa britânica de dados de saúde, estimou na semana passada que a China pode estar a enfrentar mais de um milhão de infeções diárias e mais de cinco mil mortes por dia. Também na semana passada, um relatório divulgado por um oficial de saúde em Qingdao informou que, nesta cidade, existiam entre 490 mil e 530 mil novos casos positivos por dia.

Pouco depois, na sexta-feira, 23 de dezembro, a Bloomberg News e o Financial Times avançaram que quase 250 milhões de pessoas na China podiam, nos primeiros 20 dias de dezembro, ter contraído o vírus, citando estimativa interna das principais autoridades chinesas. A estar correto, o valor representaria 18% dos 1,4 mil milhões habitantes da China. Significaria também o maior surto mundial de Covid-19 desde o início da pandemia, avançou a CNN, que teve acesso à copia de um suposto documento da NHC que andou a circular pelas redes sociais chinesas.

Os números vieram contrastar significativamente com os dados públicos da comissão, que reportou apenas 62.592 casos sintomáticos de Covid-19 nos primeiros 20 dias de dezembro. Não é clara a veracidade das estimativas apresentadas no alegado relatório da NHC.

A política covid zero na China levou a que grande parte da população não tenha ganho imunidade natural ao vírus. Além disso, a taxa de vacinação nas pessoas idosas, grupo mais vulnerável à infeção, ficou abaixo do desejável: apenas 42.3% de pessoas com 80 anos ou mais receberam a terceira dose da vacina.