O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), considerou esta quinta-feira “quase surreal” a sucessão de casos no Governo, manifestando-se preocupado com a situação de “instabilidade” no país, que cria “um desacreditar na política e nos políticos”.

“Ainda hoje, mais uma vez nas notícias, temos mais um caso, isso cria instabilidade, é lamentável, cria nas pessoas também um desacreditar na política e nos políticos que é gravíssimo para a nossa sociedade e é gravíssimo para o país”, declarou Carlos Moedas, no âmbito da apresentação do levantamento dos prejuízos em Lisboa das chuvas fortes que ocorreram entre 7 e 14 de dezembro.

Questionado sobre a decisão do PSD de se abster na votação da moção de censura ao Governo, proposta pelo grupo parlamentar da Iniciativa Liberal e que está a ser discutida no parlamento, o autarca de Lisboa recusou pronunciar-se: “Como presidente da Câmara não faço comentários sobre as decisões dos partidos políticos e, aliás, nunca o farei”.

“Aquilo que faço é um comentário a algo que acho que está a ser quase surreal, que é esta sucessão de casos”, salientou o social-democrata, que preside a Câmara de Lisboa sem maioria absoluta.

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Reforçando que o seu papel é a defesa dos lisboetas, Carlos Moedas defendeu que a função de um político é “garantir a estabilidade às pessoas”.

“Se há pessoa que pode ter experiência a conseguir manter estabilidade numa situação política como eu tenho, que é uma situação de minoria, ou seja, em que é difícil, obviamente, manter estabilidade quando temos uma situação de minoria, acho que esse é o garante daquilo que pode ser hoje a vida democrática”, declarou.

O autarca considerou ainda que o que se tem passado nos últimos tempos no Governo “é lamentável”.

“Isso não tenho qualquer dúvida, não só como político, não só como presidente da câmara, mas também como pessoa e cidadão deste país”, afirmou.

Sobre a falta de comunicação direta com o primeiro-ministro relativamente às inundações que ocorrem em dezembro em Lisboa, Carlos Moedas disse que da sua parte está “tudo resolvido” e está de “consciência tranquila”, porque apesar de não ter falado com António Costa teve os contactos necessários com o Governo, nomeadamente com os ministros da Coesão Territorial, da Administração Interna e da Presidência.

O presidente da câmara reforçou que o importante agora é que “o Governo reaja rapidamente” no apoio aos prejuízos do mau tempo, que em Lisboa somam um total de 49 milhões de euros.

“Aquilo que me preocupa, como dizia, é a situação de instabilidade no país. Os lisboetas sabem que eu, apesar da minoria que tenho em termos políticos, sou a estabilidade e, para mim, a estabilidade é importantíssima com um valor político e, portanto, os lisboetas sabem dessa estabilidade e daquele que é o papel do presidente da câmara”, frisou o social-democrata, esperando que a situação de instabilidade no país não comprometa a rapidez das ajudas para responder aos prejuízos das chuvas fortes que ocorreram em dezembro.

O Correio da Manhã noticiou esta quinta-feira o arresto de contas conjuntas que a nova secretária de Estado da Agricultura, Carla Alves, tem com o marido e ex-autarca de Vinhais, Américo Pereira (PS), informação divulgada menos de 24 horas depois da tomada de posse da governante.

O Ministério Público acusou de vários crimes e mandou arrestar bens do advogado e antigo autarca socialista, que saiu da liderança do município em 2017, num processo de mais de 4,7 milhões de euros que tem mais três arguidos.

Em causa estão vários negócios celebrados entre 2006 e 2015, que envolvem também uma sociedade, um empresário e o reitor do antigo seminário deste concelho do distrito de Bragança.

Na semana passada, Pedro Nuno Santos demitiu-se de ministro das Infraestruturas e da Habitação, para “assumir a responsabilidade política” do caso da indemnização de 500 mil euros da TAP à ex-secretária de Estado do Tesouro. Esta foi a terceira demissão do Governo em dois dias, depois de Alexandra Reis, da pasta do Tesouro, no centro da polémica com a indemnização, e do secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Santos Mendes, que acompanhou a decisão de Pedro Nuno Santos.