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É o primeiro Natal Ortodoxo ucraniano em tempos de guerra. E apesar da quebra de promessa do cessar-fogo unilateral de 36 horas para 6 e 7 de janeiro anunciada por Moscovo, que foi confirmada pelo Pentágono — e cujo propósito passava, precisamente, por permitir celebrar a data — os ucranianos têm estado a dirigir-se às igrejas.
É o caso do mosteiro histórico de Kiev, tesouro cultural ucraniano, com mais de mil anos, que voltou ao controlo da capital ucraniana, tendo, até então, sido considerada a sede da ala apoiada pelos russos da igreja ortodoxa, sob o patriarcado de Moscovo. Centenas de ucranianos reuniram-se na Catedral da Dormição (ou de São Vladimir) e na catedral Pechersk-Lavra para celebrar, assim, a data (como pode ver na galeria acima).
Em várias cidades e regiões da Ucrânia, e apesar do perigo de ataques, a população tem estado a reunir-se nos edifícios religiosos, apesar dos danos causados nos mesmos pela guerra.
“A misericórdia, compaixão, bondade e justiça”. As saudações natalícias de Putin
Vladimir Putin deixou uma mensagem de Natal. Nela, começou por estender as saudações natalícias “aos russos e crentes ortodoxos”, destacando o papel que as organizações religiosas têm no apoio aos combatentes que participam na “operação militar especial” na Ucrânia. O presidente russo frisou também que a data servia para fortalecer valores espirituais como a “compaixão, bondade e justiça”, cita este sábado, 7 de janeiro, a agência de notícias estatal russa Tass.
O Natal é, nas palavras de Putin, um “feriado luminoso”, uma fonte de “inspiração” para que as pessoas cumpram “boas ações”. “Serve para estabelecer valores espirituais duradouros e diretrizes morais, como a misericórdia, compaixão, bondade e justiça”.
O presidente russo destaca o papel da igreja no conflito na Ucrânia: “Organizações da igreja dão prioridade e atenção à paz interétnica e interreligiosa”, disse, acrescentando que são estas mesmas organizações que “tomam conta dos que precisam ajuda” e que “apoiam os combatentes que participam na operação militar especial”.
Onde não está a ser respeitado o cessar fogo?
O cessar-fogo unilateral prometido por Moscovo não tem estado a ser cumprido em várias cidades e regiões ucranianas, confirmou o Pentágono em conferência de imprensa e foram dando conta vários autarcas da Ucrânia. Ataques russos foram registados em, pelo menos, sete regiões do este e sul da Ucrânia, provocando já um total de mortos e 14 feridos, informa o jornal Kyiv Independent.
⚡️Russia ramps up attacks against civilians over Orthodox Christmas, kills at least 3.
Russian troops continued to “terrorize” civilians across Ukraine despite the Kremlin’s supposed 36-hour ceasefire over Orthodox Christmas, killing at least three people and injuring 14.
— The Kyiv Independent (@KyivIndependent) January 7, 2023
No Telegram, Yaroslav Yanushevych, governador de Kherson, detalhou que a região tinha sido atacada 39 vezes na sexta-feira. Já na região de Donetsk, dois civis morreram em Bakhmut, avançou o autarca Pavlo Kyrylenko.
Em Kharkiv, o governador Oleh Syniehubov avança mesmo que os russos estão a “aterrorizar” os civis na zona nordeste da região, cita o inglês The Guardian. No entanto, não foram registadas vítimas mortais, ainda que zonas residenciais continuem a sofrer ataques no decorrer do período do cessar-fogo unilateral.
Vladimir Putin declarou um cessar-fogo na Ucrânia para entre o meio-dia de 6 de janeiro e a meia-noite de 7 de janeiro, quando decorre o Natal Ortodoxo — o nascimento de Jesus Cristo celebra-se numa data diferente porque os ortodoxos seguem o calendário juliano, que tem dias de atraso em relação ao gregoriano, utilizado no resto da Europa.
No site oficial, a Presidência russa pediu ao lado ucraniano que também declarasse um cessar-fogo, dando a oportunidade aos soldados e cidadãos ortodoxos de celebrarem o Natal. No entanto, Kiev desconfiou das intenções do inimigo: “Todos no mundo sabem como o Kremlin usa as pausas na guerra para continuar a guerra com renovado vigor. Mas para acabar a guerra mais rapidamente, não é isso que é preciso”, disse na noite de sexta-feira, 6 de janeiro, Volodymyr Zelensky, na sua habitual mensagem diária.