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Christine Lambrecht, a ministra da Defesa da Alemanha, apresentou a demissão esta segunda-feira. A governante formalizou a decisão, após vários meios de comunicação avançarem na sexta-feira que a ministra estaria prestes a demitir-se.
“Pedi hoje [segunda-feira] ao chanceler [Olaf Scholz] para me demitir do Ministério federal da Defesa”, é possível ler no comunicado apresentado por Lambrecht, que é membro do SPD, o partido do chanceler Olaf Scholz.
A demissão está ligada às críticas à mensagem de Ano Novo da ministra, que foi partilhada na rede social Instagram. A mensagem, gravada em Berlim a 31 de dezembro, tem como pano de fundo o som de fogo de artifício, que em algumas partes do vídeo dificulta a audição da mensagem.
A ministra mencionou a guerra na Ucrânia e disse que o conflito lhe tinha permitido ter “muitas impressões e muitos encontros com excelentes e interessantes pessoas”, além de “muitas experiências especiais”. E termina dizendo “muito obrigada”.
A mensagem foi alvo de críticas até por aliados próximos do partido, o SPD, conforme escreveu o Financial Times. A imprensa alemã disse também que, no governo de Scholz, alguns ministros disseram ter ficado “sem palavras” e algo “embaraçados” com a mensagem. Os membros do partido da oposição, a CDU, criticam fortemente a ministra e pediram a sua demissão imediata.
Apesar de Olaf Scholz ter dito há alguns dias que continuava a confiar na ministra, Lambrecht avançou com a demissão. As sua popularidade já estaria na mó de baixo com os alemães: uma sondagem feita pela Civey para o portal t-online, citada pelo Financial Times, referia que 77% dos alemães queriam a demissão de Lambrecht.
A demissão surge num momento em que a Alemanha está a ser criticada, incluindo pela Ucrânia, pelos atrasos no apoio prometido à Ucrânia, que se traduz em armamento. O Financial Times escreve que, em parte, esse impasse estaria ligado à ministra, criticada pela demora em autorizar a cedência deste armamento.
Há já alguns possíveis substitutos para Christine Lambrecht. A imprensa internacional enumera nomes como Eva Högl, a comissária parlamentar para as forças armadas, Siemtje Möller, o secretário de Estado da Defesa. Também são referidos nomes como Lars Klingbeil, líder do partido de Lambrecht, que vem de uma família militar.
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Vídeo de Ano Novo não é a primeira “gaffe” da ministra
O vídeo de Ano Novo é o passo em falso mais recente de Lambretch, mas não o único. Em dezembro de 2021, por exemplo, a ministra admitiu numa entrevista que não conhecia as diferentes patentes da carreira militar.
No início da guerra da Ucrânia, as declarações onde referia que a Alemanha iria enviar cinco mil capacetes para o país, no âmbito da ajuda militar a Kiev, também foi ridicularizada. Antes disso, a viagem de férias com o filho recorrendo a um helicóptero do governo alemão esteve igualmente debaixo de mira. A ministra disse que pagou a viagem do próprio bolso, mas isso não foi suficiente para pôr fim à polémica.
Alguns jornais alemães referem que Lambrecht nunca terá tido a intenção de ser ministra da Defesa, indicando antres que a sua ambição passaria por ser ministra do Interior. Antes de assumir a pasta da Defesa, Lambrecht foi ministra da Justiça.