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Os ministros de Defesa do Reino Unido, Polónia e dos países Bálticos vão reunir-se esta semana numa última tentativa para pressionar a Alemanha a autorizar o envio dos tanques Leopard 2 para a Ucrânia. Fontes ouvidas pelo jornal The Guardian revelaram que a reunião deverá decorrer na quarta-feira,  na Estónia. O propósito, indicaram, é “encorajar a Alemanha” a tomar uma decisão sobre o fornecimento dos Leopard 2, produzidos pela empresa Krauss-Maffei Wegmann, sediada em Munique.

A Ucrânia tem sido insistente no pedido de tanques aos aliados ocidentais, obtendo de vários parceiros a promessa de tanques modernos. Neste momento, a pressão concentra-se particularmente na Alemanha, uma vez que os países europeus que possuem os Leopards 2 alemães em stock e se disponibilizaram a enviá-los para Kiev dependem da autorização de Berlim.

Até agora, os aliados de Kiev só forneceram tanques fabricados na era soviética. A França surpreendeu ao tomar a iniciativa de enviar os primeiros tanques ligeiros AMX-10 RC, seguindo-se o Reino Unido, que se comprometeu a fornecer um esquadrão de 14 tanques Challenger 2 do exército britânico. A Polónia prometeu enviar um esquadrão de Leopard 2 como parte de uma “coligação internacional” e a Finlândia mostrou-se disponível para seguir o exemplo, mas ambos aguardam a autorização da Alemanha.

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“São capazes de virar o jogo.” Entre o incentivo francês e a resistência alemã, Ucrânia prepara-se para receber tanques modernos do Ocidente

Existem atualmente mais de 2.300 tanques Leopard 2 alemães disponíveis em 13 países europeus, o que os torna uma escolha plausível para equipar as forças ucranianas no combate contra as tropas russas. No entanto, a Alemanha tem resistido enviá-los, defendendo que só devem ser fornecidos se existir um acordo dos principais parceiros de Kiev, particularmente dos Estados Unidos.

Um dia antes do chanceler alemão, Olaf Sholz, partir para o Fórum Económico Mundial de Davos, vários líderes europeus presentes no evento aproveitaram a ocasião para pressionar a Alemanha a tomar uma decisão. O Presidente polaco afirmou que um parecer positivo da parte de Berlim é “muito, muito necessário”, lembrando que vários países da NATO estão prontos para se juntar e enviar uma brigada de tanques a Kiev. “O próprio Presidente Zelensky pediu-me este tipo de apoio militar várias vezes. Ele disse: ‘Andrzej, precisamos desses tanques modernos porque são a única forma de parar a invasão russa’“, afirmou.

Num discurso no mesmo painel, o Presidente da Lituânia, Gitanas Nausėda, lamentou a demora no envio de tanques, mas disse “acreditar” que a Berlim vai acabar por dar luz verde ao envio dos Leopard 2. “Falando honestamente, é uma pena porque cada dia de guerra tem um custo elevado. Não temos o luxo destes atrasos, o processo de tomada de decisões deve ser rápido”, afirmou, citado pela Reuters. Nauseda defendeu que “alguém tem de dar o primeiro passo”, sublinhando que os “tanques são um fator estratégico”.

Já num debate do Parlamento Europeu, o Alto Representante da União Europeia (UE) para a Política Externa defendia a mesma posição. “É razoável pedir que armas mais poderosas, como os famosos tanques Leopard, sejam entregues à Ucrânia ou isso não é razoável?”, perguntou Josep Borrell aos eurodeputados.

“Não sei se parece razoável ou não, mas ainda não me parece suficiente e não será enquanto a Ucrânia continuar a ser sistematicamente destruída pelo Exército da Federação Russa”, acrescentou o dirigente europeu.

Além da forte pressão dos países europeus, a Alemanha está a lidar com a substituição da ministro da Defesa, Christine Lambrecht, que se demitiu esta segunda-feira. Para o cargo foi, entretanto, nomeado Boris Pistorius. Uma das suas primeiras decisões deverá ser, precisamente, sobre o envio de tanques à Ucrânia, depois de Berlim já ter fornecido veículos de defesa blindados Gepard e Marder.

Quem é Boris Pistorius, o novo ministro da Defesa da Alemanha?

A questão deverá ser um dos temas na reunião do Grupo de Contacto de Defesa da Ucrânia, que se realiza na sexta-feira. O encontro, que vai reunir cerca de 50 ministros de Defesa na base aérea dos Estados Unidos em Ramstein, na Alemanha, poderá ser decisivo para discutir o fornecimento futuro de mais equipamento militar.