Quebrar o ciclo de pobreza. Foi este o mote da criação do Prémio Infância – atribuído pelo BPI e pela Fundação “la Caixa” –, que pretende facilitar o desenvolvimento e empoderamento de crianças e adolescentes, além de valorizar a família como fator de ação socioeducativa. Nesta quarta edição, tal como nas anteriores, a ideia é transformar a vida de quem se cruza com estes projetos, muitos dos quais só se tornaram possíveis e cresceram graças à iniciativa.

Cada um dos 34 projetos selecionados pelo júri recebeu em média, 38 mil euros, o que permitirá apoiar cerca de dez mil crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade. Criado em 2019, o Prémio Infância atribuiu, em quatro edições, mais de 3,6 milhões de euros a 116 iniciativas – num total de mais de 26 mil beneficiários.

A seleção deste ano foi feita a partir de 165 candidaturas, “que foram alvo de uma avaliação objetiva dos projetos à luz das linhas prioritárias estabelecidas”, refere a organização. A escolha dos vencedores contou com o apoio de uma equipa de 26 avaliadores colaboradores ou reformados do BPI que, em regime de voluntariado, reuniram com todas as entidades que passaram à segunda fase de avaliação. “Esta prática enriquece os processos de avaliação e de humanização do banco”, sublinha a instituição em nota de imprensa.

Os projetos distinguidos vão oferecer respostas sociais em áreas tão diversas quanto prioritárias: atenção à primeira infância, incluindo o desenvolvimento de competências parentais, apoio ao reforço escolar e a ações que promovam a inclusão social através do desporto, criatividade, música e arte, acesso a bens e serviços básicos de alimentação, saúde e higiene infantil, ações que promovam soluções integrais para crianças com múltiplos fatores de vulnerabilidade e intervenção precoce e melhoria da qualidade de vida das crianças que sofrem de doença.

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Entre os 34 projetos vencedores desta edição há seis repetentes que já foram reconhecidos no passado, mas todos os outros recebem o prémio pela primeira vez. É o caso do Centro de Apoio Social de Pais e Amigos da Escola n.º 10, em Coimbra, distinguido no âmbito do projeto “Sorrir +”, que tem o objetivo de mitigar o impacto psicológico em crianças e jovens do ambiente pós pandemia, com consultas semanais presenciais de psicologia, individuais ou de grupo.

A Associação Aprender em Parceria — A PAR foi reconhecida pelo projeto de prevenção de comportamentos de risco (e já tinha sido reconhecida em 2019)

“Uma das respostas sociais que damos é a ocupação de tempos livres a crianças e foi assim que nos apercebemos da premência de lhes dar apoio psicológico”, diz Cátia Rodrigues, coordenadora do projeto que arranca no início de fevereiro. “Muitas delas estão em situação de vulnerabilidade, o que é especialmente notório depois da pandemia. E sabemos que o tempo de espera por uma consulta dessa especialidade no hospital ronda os 150 dias”.

O projeto “Sorrir +” prevê a realização de consultas na própria instituição, nos espaços de diversas entidades parceiras ou mesmo no domicílio dos beneficiários. “No plano individual de intervenção será contemplado o uso de Realidade Virtual e Realidade Aumentada, através da exposição a ambientes controlados e de relaxamento, incrementando a saúde mental e o bem-estar dessas crianças/adolescentes”, acrescenta a coordenadora. “As sessões de grupo serão realizadas maioritariamente em contexto escolar, empoderando-os de competências e valores inerentes às estratégias de regulação emocional, fundamentais para a promoção e manutenção de relações interpessoais saudáveis e equilibradas.”.

A Associação Epic Student é também uma estreante entre os vencedores do Prémio Infância. Apesar de ter sede em Lisboa, a instituição vai levar a todo o país o projeto “Plataforma Magos”, que ajuda a combater o insucesso escolar, tendo para isso estabelecido parcerias com vários agrupamentos escolares.

“Com este prémio vamos conseguir ajudar muitas crianças a recuperar aprendizagens em territórios vulneráveis, através de uma ferramenta inovadora, utilizando uma nova abordagem motivacional”, diz Francisco Miranda, presidente da Associação. A ideia é consolidar e expandir a experiência que começou em 2018, transportando-a agora a todas as turmas do primeiro ao quarto ano de 11 agrupamentos.

Instituições privadas sem fins lucrativos premiadas

  1. A PAR – Associação Aprender em Parceria (Lisboa): 10.680 euros
  2. ADICE – Associação para o Desenvolvimento Integrado da Cidade de Ermesinde (Valongo): 32.340 euros
  3. Ajudaris – Associação de Solidariedade Social (Porto): 33.650 euros
  4. Associação Academia do Johnson Semedo (Amadora): 50 mil euros
  5. Associação Cultural Recreativa e Social de Samuel (Soure): 24.350 euros
  6. Associação de Ajuda ao Recém-Nascido (Lisboa): 41.710 euros
  7. Associação de Solidariedade Social do Alto Cova da Moura (Amadora): 35.370 euros
  8. Associação Epic Student: 58.350 euros
  9. Associação Grão Vasco (Viseu): 20.480 euros
  10. Associação No Bully Portugal (Lisboa): 29.440 euros
  11. Associação Passa Sabi (Lisboa): 41.710 euros
  12. Associação ProChild CoLab Against Poverty and Social Exclusion (Guimarães): 66.380 euros
  13. Associação Terra dos Sonhos (Lisboa): 83.410 euros
  14. Candeia – Associação para a Animação de Crianças e Jovens (Lisboa): 28.280 euros
  15. Casa da Praia – Centro Doutor João dos Santos (Lisboa): 57.470 euros
  16. CCTC – Centro Comunitário da Terra Chã (ilha Terceira, Açores): 10.750 euros
  17. Centro de Apoio Social de Pais e Amigos da Escola n.º 10 (Coimbra): 33.550 euros
  18. Centro Social Paroquial do Campo Grande (Lisboa): 33.630 euros
  19. CiRAC – Círculo de Recreio, Arte e Cultura de Paços de Brandão (Santa Maria da Feira): 41.090 euros
  20. Clube Desportivo Paços de Brandão (Santa Maria da Feira): 25.780 euros
  21. CONFIAR – Associação de Fraternidade Prisional Cascais): 25.780 euros
  22. Fundação Infantil Ronald McDonald (Amadora): 41.710 euros
  23. Lar de Nossa Senhora do Livramento (Porto): 32.590 euros
  24. Mão na Mão – Associação Crianças do Mundo (Figueira da Foz): 39.100 euros
  25. Mundo A Sorrir – Associação de Médicos Dentistas Solidários (Porto): 18.260 euros
  26. Qualificar para Incluir, Associação de Solidariedade Social (Porto): 37.500 euros
  27. Santa Casa da Misericórdia da Covilhã: 27.110 euros
  28. Santa Casa da Misericórdia de Montemor-o-Velho: 38.340 euros
  29. Sê Mais Sê Melhor – Associação para a Promoção do Potencial (Faro): 33.210 euros
  30. SEVERI – Associação Cultural de Expressão Dramática de Sever do Vouga: 16.740 euros
  31. Solidaried’arte – Associação de Educação e Integração pela Arte e Desenvolvimento Cultural Social e Local (Ponta Delgada): 21.500 euros
  32. Talentos de Campeão – Associação Desportiva (Vila Nova de Gaia): 37.130 euros
  33. Universidade Católica Portuguesa (Lisboa) 85.610 euros
  34. Vida Norte (Porto): 30 mil euros

Este artigo faz parte de uma série sobre solidariedade social e é uma parceria entre o Observador, a Fundação “la Caixa” e o BPI. O Prémio Infância apoia projetos que visem quebrar o ciclo de pobreza, facilitem o desenvolvimento e empoderamento na infância e adolescência e potenciem a família como eixo de ação socioeducativa. As instituições privadas sem fins lucrativos que pretendam candidatar-se à edição de 2023 poderão fazê-lo no início do ano (datas a anunciar).