Desde 1997 que a Mercedes partilha parte dos lucros com os funcionários, mediante um esquema acordado entre o conselho de administração da empresa e a comissão de trabalhadores, os quais já concordaram em definir um novo sistema para calcular o valor do bónus anual a partir de 2023. Mas o prémio deste ano, referente ao exercício de 2022, ainda se rege pela bitola antiga e salda-se no valor mais elevado de sempre na história da empresa: 7300€.
O montante chega mesmo a superar o actual limite máximo de pagamento de 6465€, realça a marca, sendo definido pela responsável dos Recursos Humanos da Mercedes, Sabine Kohleisen, como um “bónus especial” para “agradecer” aos trabalhadores. Segundo a também directora de Relações Trabalhistas, destaca-se a flexibilidade dos funcionários num contexto particularmente adverso, demonstrando “mais uma vez que a empresa pode ser bem-sucedida mesmo num ambiente desafiador, com a escassez contínua de semicondutores, estrangulamentos logísticos, medidas localizadas para conter a Covid-19 e o clima de incerteza geopolítica”.
Depois de, o ano passado, ter atribuído um bónus máximo de 6000€, este ano a Mercedes vai distribuir prémios por 93.000 trabalhadores elegíveis na Alemanha que, no limite, levam para casa os referidos 7300€, juntamente com o pagamento do salário de Abril. No próximo ano, a lógica de cálculo da participação dos trabalhadores no lucro da marca vai “alinhar pelo sistema de gestão vigente” e visa reforçar o estímulo e a motivação dos funcionários. “Daqui em diante, até que ponto todos os grupos de trabalhadores poderão partilhar o êxito da empresa dependerá ainda mais do alcance das metas da marca e da implementação sistemática da sua estratégia corporativa sustentável”, esclarece a Mercedes.
A palavra “sustentável” não foi utilizada de ânimo leve, pois o plano de electrificação que está traçado passa pelo desinvestimento nos motores de combustão, cujo orçamento afecto ao desenvolvimento vai ser cortado em 80% até 2026 – o que necessariamente levará à redução de postos de trabalho.
Em contrapartida, a marca da estrela atira-se para a electrificação, com quatro novas plataformas projectadas para privilegiar baterias e motores eléctricos, nomeadamente a MMA (veículos compactos), a MB.EA (médios e grandes), a AMG.EA (desportivos) e a VAN.EA (comerciais). O fabricante de Estugarda acredita que, já em 2025, metade das suas vendas globais será representada por modelos eléctricos e híbridos e aponta 2030 como o ano em que passará a oferecer uma gama exclusivamente a bateria, mas só onde as condições de mercado o permitirem. Para tal, entre 2022 e 2030, planeia investir para cima de 40 mil milhões de euros na estratégia eléctrica.