O Chelsea tem sido o grande protagonista do mercado de inverno que só termina no final do mês de janeiro — não só pela quantidade de contratações como pelo elevado valor inerente a cada uma dessas contratações. Os ingleses já asseguraram Mudryk, David Datro Fofana, Badiashile, Andrey Santos e Madueke, num total de quase 168 milhões de euros, e ainda vão desembolsar outros 11 até ao fim da temporada pelo empréstimo de João Félix. Pelo meio, houve um pormenor que saltou à vista até dos menos atentos: a duração dos contratos assinados com os reforços.
Mudryk, vindo do Shakhtar Donetsk, assinou por oito anos e meio. Madueke, vindo do PSV, assinou por sete anos e meio. Fofana e Badiashile, vindos do Molde e do Mónaco, assinaram por seis anos e meio. A duração prolongada dos vínculos, porém, não está necessariamente relacionada com a aposta desportiva feita nos jogadores — com contratos longos, o Chelsea pode distribuir o valor de cada transferência pelos vários anos de ligação, pagando as contratações ao longo de diversas tranches milionárias e cumprindo artificialmente as regras do fairplay financeiro.
Ora, à partida, o plano parece ser legal. A UEFA, porém, quer travar esta forma martelada de contornar as regulamentações do fairplay financeiro. De acordo com a BBC, o organismo que regula o futebol europeu vai mudar as regras das transferências já a partir do próximo verão e da janela de mercado que se segue ao final da temporada.
Em resumo, a UEFA vai indicar que o clube comprador tem de amortizar o valor total da transferência ao longo dos primeiros cinco anos de contrato — ou seja, um clube pode continuar a assinar com um jogador por seis, sete ou oito anos, conforme assim entender, mas tem de pagar integralmente a transferência nos primeiros cinco anos do vínculo.
A ideia da UEFA, para além de reforçar as intenções originais do fairplay financeiro, é proteger os clubes com menor poderio financeiro. O organismo liderado por Aleksander Čeferin pretende garantir que um clube mais pequeno que vende um dos principais ativos desportivos — e, em teoria, por uma quantia relevante — não precise de esperar quase uma década até encaixar aquilo a que tem direito. Este modus operandi, precisamente, era o que o Chelsea pretendia (ou ainda pretende) aplicar com Enzo Fernández, pagando ao Benfica os 120 milhões de euros da cláusula do argentino ao longo de várias tranches e vários anos.
De recordar que, em 2020, o Chelsea esteve impedido de contratar durante seis meses — ou seja, ao longo de uma janela de mercado — devido a 150 violações das regras do fairplay financeiro que envolviam os negócios de 71 jogadores.