Nunca houve propriamente um início de guerra aberta com Diego Simeone por uma questão de estratégia mas as palavras ao longo do Campeonato do Mundo sempre mostraram que se tratava apenas de um jogo de paciência. Outubro recriou a ideia, novembro confirmou a ideia, dezembro era assim o primeiro passo para materializar a ideia. Tentando passar ao lado de um período muito agitado para Jorge Mendes pela viragem de relação com Cristiano Ronaldo, João Félix há muito que fizera ver a algumas das pessoas mais próximas do empresário que a saída do Atl. Madrid passara de necessidade para inevitabilidade. Agora, algumas semanas depois, a novela chegou a um fim que não deixa de ser apenas um ponto intermédio desse caminho.

João Félix dá um tempo ao Atlético numa relação desgastada que não se sabe se é para durar

O Chelsea confirmou oficialmente a contratação por empréstimo do avançado português de 23 anos até ao final da temporada, num negócio que cumpriu os três requisitos pedidos pelos colchoneros a Jorge Mendes para soltar o número 7: uma taxa de cedência acima dos nove milhões de euros (ficou por 11), o pagamento na íntegra do vencimento que teria em Madrid e que está incluído no bolo total da transferência e ainda a renovação de contrato com o Atl. Madrid por mais um ano nas mesmas condições que tem no atual vínculo para que as verbas contabilizadas para o cumprimento do fair play financeiro sejam mais diluídas. A realização de exames médicos entre segunda e terça-feira foram o último passo para esse acordo final, que não prevê – nem nunca isso esteve em cima da mesa – qualquer cláusula de opção de compra no verão.

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Quer isto dizer que os blues ganharam a corrida pelo internacional? Nem por isso.

Jorge Mendes foi tentando nas últimas semanas encontrar uma solução para o jogador que é agora o seu maior ativo na carteira com dezenas de jogadores mas que deixou de contar com Cristiano Ronaldo. E foi na Premier League que centrou atenções, por ser essa também a vontade do próprio avançado. No entanto, aquele que seria o grande objetivo caiu logo por terra: o Manchester City não pretendia reforçar a equipa neste mercado e a hipótese de Félix trabalhar com Guardiola e lutar por todas as provas deixou de existir. Sobravam Manchester United, Arsenal e Chelsea num caminho que se tornou um beco sem saída.

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Os red devils, que atravessam o melhor momento da temporada, há muito que acompanham o português mas colocaram de parte um possível negócio ao conhecer os moldes pretendidos pelo Atl. Madrid. Já os gunners, que lideram nesta altura a Liga inglesa, mantiveram o interesse mas desistiram quando a oferta apresentada, com valores bem mais baixos entre empréstimo e ordenados, foi recusada. Assim, sobrava o Chelsea e Todd Boehly, que ficou com o clube após a compra a Roman Abramovich e pretende a todo o custo reforçar o plantel agora comandado por Graham Potter para fazer subir a equipa na Premier.

“O artista chegou”, escreveram os blues na confirmação oficial do negócio que chegou ao final da manhã desta quarta-feira mas que nem por isso concluiu aquilo que será uma novela com novos capítulos no verão.

Não sendo uma hipótese concreta nesta janela do mercado de transferências, o Barcelona continua a seguir o avançado há muito referenciado pelos catalães (ainda mais desde que Joan Laporta regressou à liderança do clube, sucedendo a Josep Maria Bartomeu). As conversas dos catalães com Jorge Mendes têm estado mais centradas em Rúben Neves, médio do Wolverhampton, e passaram ainda pela situação de Rafael Leão – que ainda não renovou com o AC Milan – mas é em João Félix que continuam a recair as atenções a médio prazo por haver a convicção de que o avançado português poderá ser um dos rostos de um novo Barça. A última palavra, essa, será sempre do Atl. Madrid. E a continuidade ou não de Diego Simeone no comando dos colchoneros funciona como peça central em mais uma investida culé nos próximos meses.

Para já, e depois de três anos e meio onde apenas espaços o avançado conseguiu confirmar as razões que levaram o Atl. Madrid a fazer o maior investimento de sempre num jogador (126 milhões de euros), João Félix terá a segunda aventura no estrangeiro que entronca também numa espécie de segunda vida nas principais ligas europeias no seguimento de um Campeonato do Mundo onde foi o português que mais se destacou e valorizou apesar da derrota da Seleção nos quartos com Marrocos. As análises diferem: Ally McCoist, antigo avançado internacional escocês que é hoje comentador, criticou o montante total de um negócio por empréstimo; em paralelo, já se fala de uma equipa de sonho no Chelsea com Kepa; Reece James, Koulibaly, Badiashile, Cucurella; Jorginho, Fofana; Mason Mount, Sterling, João Félix e Havertz.

Nesta fase da época, João Félix levava um total de 20 jogos (11 como titular) e 956 minutos entre Liga, Taça e Liga dos Campeões, com cinco golos e três assistências. Em Madrid, nas três temporadas anteriores e sem grandes variações, o avançado teve uma média de 37 encontros com dez golos e cinco assistências.