O ano não podia ter sido politicamente mais conturbado para o Governo, ainda que António Costa tenha tido em mãos a maioria absoluta que nunca teve. Um ano depois dessa conquista, o PS quis prestar contas ao que fez, com o líder a resumir a um minuto e a uma palavra o lado mais negro deste período da história: “Não há caminhada que não tenha percalços, mas era importante que por cada percalço não houvesse um sobressalto”. Por enquanto, não houve — e, por agora, o Presidente da República parece pouco para aí virado. Mas a maioria socialista é hoje acusada de ser absolutista — e isso deixou em alerta o próprio partido.

As últimas semanas, de resto, têm sido de tentativa do Governo de desmontar essa tese. O comício desta tarde, em Viseu, foi mais um desses momentos, com António Costa a garantir, num palco 360º e entre militantes, que a sua maioria “foi capaz de dialogar com parceiros, com todos os autarcas e com todas as oposições na Assembleia da República”. “Não somos uma maioria que engole o poder, mas que partilha o poder com toda a sociedade”, garantiu no dia em que tem os professores em protesto na rua.

A tentar prová-lo, Costa voltou a acenar com as “67 propostas de alteração” da oposição que o PS aprovou nas votações do último Orçamento do Estado. Mas também com o acordo de concertação social, o acordo com os sindicatos da Função Pública e o acordo para a descentralização de competências para as autarquias — aqui, voltou à carga na pedagogia sobre a distribuição do poder: “O poder não é propriedade de ninguém; é uma ferramenta que deve estar nas mãos que melhor servem os interesses do país”.

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