O segundo altar-palco da Jornada Mundial da Juventude, localizado no Parque Eduardo VII, está em risco de não sair sequer do papel. Na próxima semana, as partes envolvidas vão voltar à mesa das conversações e acontecerá uma de duas hipóteses: ou se arranja uma estrutura muito mais simples e barata; ou os eventos marcados para o local serão cancelados e vão passar todos para o não menos polémico Palco Tejo.

Nessa reunião vão estar presentes representantes do Comité Organizador Local (a Igreja, portanto), da Sociedade de Reabilitação Urbana da Câmara Municipal de Lisboa e da Mota-Engil, empresa a quem foi adjudicada a obra, que só estará nas reuniões que dizem respeito ao palco do Parque Tejo. É provável que o bispo Américo Aguiar e Carlos Moedas venham a participar do encontro — mas tal ainda não está fechado.

O Observador sabe que a posição da autarquia não é negociável. A Câmara liderada por Carlos Moedas rejeitou vários projetos apresentados pelo comité organizador da Igreja, inclusivamente um palco que poderia custar entre 1,5 e 2 milhões de euros — fê-lo por entender que o preço, a dimensão e o carácter temporário daquele altar-palco não o justificavam.

É nesta estrutura que vão decorrer três grandes eventos: a missa de abertura da JMJ, com o cardeal patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente (com a presença prevista de 200 mil pessoas); a cerimónia de acolhimento ao Papa Francisco (com 400 a 500 mil pessoas); e a Via-Sacra com o Papa (com previsão de 700 mil pessoas).

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Ora, a orientação dada por Carlos Moedas é clara: ou se arranja uma solução mais barata (Marcelo Rebelo de Sousa, por exemplo, disse ter ficado “chocado” com a obra), o que dependerá sempre de um esforço conjunto da Igreja e da autarquia, ou todos estes eventos vão passar a decorrer no Parque Tejo, onde estará instalado o outro (e maior) altar-palco.

Além disso, como explicava o Observador, a instalação do altar no Parque Eduardo VII obrigaria sempre, por razões logísticas, a retirar a escultura comemorativa do 25 de Abril assinada por João Cutileiro. A família do escultor autorizou, mas a operação implicaria retirar provisoriamente uma escultura de 90 toneladas para depois a reinstalar.

Existirão ainda outros três palcos na cidade de Lisboa — Terreiro do Paço, Alameda D. Afonso Henriques e Parque da Bela Vista. No entanto, estas estruturas não estarão em risco, uma vez que o investimento em cada uma delas rondará os milhares de euros.

Na reunião da próxima semana, será também discutido o Palco Tejo. Apesar das pressões da Igreja e de Marcelo Rebelo de Sousa, é pouco provável que a estrutura de 5,3 milhões de euros venha a conhecer profundas modificações — “realisticamente parece-me difícil mexer no projeto”, assumiu o vice-presidente da autarquia, Filipe Anacoreta Correia.

Ainda assim, o Observador sabe que o executivo de Moedas partirá para a reunião da próxima semana disposto a encontrar formas de tornar o projeto mais barato. Não existindo uma margem enorme, é provável que o presidente da Câmara de Lisboa se tente aproximar das posições recentemente assumidas sobre os custos da obra pela Presidência da República e pelo bispo auxiliar de Lisboa, Américo Aguiar.

Altar-palco no Parque Eduardo VII obriga a retirada provisória de escultura polémica de Cutileiro