Após os balões de espionagem, há mais um caso que pode levar ao aumento da tensão entre a China e os Estados Unidos. Várias empresas estatais chinesas estarão a ajudar a Rússia na guerra contra a Ucrânia, fornecendo equipamentos como câmara de infravermelhos, chips, peças de caças e radares, noticia este sábado o Wall Street Journal.
Todo aquele material foi alvo de sanções por parte do Ocidente, que tentou impedir a sua importação para a Rússia. Como nota o jornal norte-americano, Moscovo tem capacidade para produzir internamente grande parte das suas necessidades militares, mas depende de outros países no que diz respeito a tecnologia de ponta, essencial para o desenrolar de uma guerra cada vez mais moderna.
Ciente dos impactos negativos que a falta de tecnologia de ponta pode ter na máquina de guerra russa, o Ocidente tem tentado impedir a importação daquele material para Moscovo. No entanto, conforme o Wall Street Journal apurou junto de vários registos alfandegários russos, a China estará a ajudar o Kremlin a contornar as sanções impostas pelos aliados da Ucrânia.
Diplomaticamente, a China tem mantido uma posição ambígua no que diz respeito à guerra na Ucrânia. Por um lado, Pequim não apoia publicamente a invasão e até já enviou ajuda humanitária para Kiev; por outro, os dirigentes chineses têm-se abstido nas sucessivas condenações na Organização das Nações Unidas (ONU) relativamente ao conflito e não aplicaram sanções contra a Rússia.
Ao enviar tecnologia de ponta para a Rússia, a China coloca-se do lado do Kremlin, na medida em que ajuda a financiar e a manter ativa a máquina de guerra russa.
Ao Wall Street Journal, Naomi Garcia, analista da C4ADS, uma organização que se dedica à análise de conflitos, indicou que, apesar do “escrutínio internacional e do protocolo de sanções, dados fidedignos do comércio internacional mostram que as empresas estatais chinesas continuam a enviar equipamentos militares a empresas russas de Defesa sancionadas”.
Por sua vez, a China nega que tenha enviado tecnologia de ponta militar para a Rússia. Ao mesmo jornal, Liu Pengyu, porta-voz da embaixada chinesa em Washington, sinalizou que a “alegação de que a China providencia ‘ajuda’ à Rússia não tem qualquer base factual”. “É puramente especulativo e deliberadamente sensacionalista”, acrescenta o responsável.
Do lado russo, a mesma reação. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, indicou que a Rússia “tem potencial tecnológico suficiente para assegurar a sua segurança e para conduzir a operação militar especial”. “Esse potencial está constantemente a ser melhorado”, garantiu o responsável da presidência russa.