O neonazi Mário Machado foi formalmente acusado pelo Ministério Público dos crimes de discriminação e incitamento ao ódio e à violência, na sequência de insultos de caráter sexual a várias mulheres de partidos de esquerda.
A notícia é avançada pelo jornal Público, que teve acesso à acusação do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP). Em causa está uma troca de mensagens públicas no Twitter de Mário Machado com outro utilizador, Ricardo Pais, há cerca de um ano. No Twitter, o neonazi defendeu a “prostituição forçada das gajas do Bloco”. O interlocutor respondeu dizendo que deviam ser incluídas “as do MRPP, MAS e PS”, sugerindo “tratamento VIP” para Renata Cambra. Mário Machado comenta que tal seria “tipo arrastão”.
A acusação a Mário Machado surge na sequência de uma queixa-crime apresentada por Renata Cambra, que foi cabeça-de-lista do MAS às eleições legislativas de 2022. O Ministério Público considerou que a queixa tinha cabimento, dizendo que os dois arguidos recorreram às redes sociais para “apodar de prostitutas todas as mulheres” daqueles partidos de esquerda, em particular Renata Cambra.
Os procuradores pedem ainda que Machado seja punido como “reincidente”. Isto porque o neonazi foi condenado em 2011 e cumpriu sete anos de prisão pelos crimes de roubo, sequestro, ameaça, coação e posse ilegal de arma. Antes disso, já tinha sido condenado pelo crime de difamação e pela sua participação nas agressões de skinheads a negros no Bairro Alto, em 1995, com um taco de basebol — na mesma noite em que o jovem negro Alcindo Monteiro foi morto por neonazis, crime do qual a Justiça ilibou Mário Machado.