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O fundador do grupo de mercenários Wagner, a companhia privada que tem participado nas operações russas na Ucrânia, disse que chegou ao fim o recrutamento de reclusos nas prisões russas.

As alegações do empresário Yevgeny Prigozhin são uma resposta à questão lançada pelo canal russo Live 24, que disse ter recebido relatos de vários prisioneiros russos sobre o fim do processo para reforçar as fileiras da companhia militar. “Sim, é verdade. O recrutamento de prisioneiros do grupo Wagner parou completamente. Para aqueles que trabalham para nós, todas as obrigações estão a ser cumpridas”, afirmou Prigozhin, segundo um comunicado divulgado pelo seu serviço de imprensa.

Inicialmente, o fundador da companhia não especificou os motivos que levaram ao fim do recrutamento, que se iniciou durante os meses de verão de 2022. No entanto, numa resposta posterior a uma questão da CNN, Prigozhin indicou que receberam milhões de candidaturas provenientes dos Estados Unidos. “Depois da divulgação da campanha de publicidade lançada pelo grupo Wagner dirigida aos EUA, recebemos mais de dez milhões de candidaturas de cidadãos norte-americanos, que desejam juntar-se à companhia e lutar contra a NATO”, alegou.

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O fundador da companhia acrescentou que estão neste momento a avaliar cerca de um milhão de pedidos, pelo que suspenderam o recrutamento nas prisões russas, mas brincou com a possibilidade de começarem a operar nas prisões nos EUA: “Se existir um pedido correspondente do Departamento de Estado norte-americano, nós vamos recrutar nas [prisões] americanas”.

De prisioneiros a combatentes do grupo Wagner: o regresso à Rússia

Não foi possível comprovar de forma independente as alegações de Prigozhin. No entanto, no início deste mês o Ministério da Defesa britânico apontou que a escala de recrutamento do grupo Wagner teria “provavelmente diminuído significativamente” desde o pico no verão e outono.

Num relatório publicado no dia 3 de fevereiro, eram apontadas duas possíveis razões. Por um lado, a competição que existe entre as fações da elite russa. Por outro lado, as tensões significativas entre o grupo Wagner e o Ministério da Defesa russo, que se agudizaram particularmente desde, segundo Prigozhin, a tutela liderada pelo ministro Sergei Shoigu ignorou as ações do grupo Wagner na captura da cidade de Soledar, operação cujo sucesso o empresário atribuiu exclusivamente aos mercenários.

A companhia militar privada ganhou peso ao longo dos onze meses a combater no território ucraniano, sendo descrita pelo Ministério da Defesa do Reino Unido como uma componente chave das operações no país. Segundo os serviços britânicos, o grupo de mercenários conta com cerca de 50 mil combatentes, sendo que uma grande parte terá sido diretamente proveniente das prisões russas. Se o processo gerou críticas da parte de várias organizações de direitos humanos, por outro lado ajudou Moscovo a avançar no leste da Ucrânia.

No recrutamento nas prisões, no qual Prigozhin esteve envolvido, a companhia privada prometeu um indulto a todos aqueles que aceitassem juntar-se à “operação militar especial” russa na Ucrânia – termo usado pelo Kremlin para referir-se ao conflito. Os que concordaram assinaram um contrato por seis meses e, segundo Prigozhin, alguns já regressaram a casa para receber a recompensa prometida.

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O grupo Wagner foi fundado em 2014 por Prigozhin, que durante anos negou as ligações à companhia privada. Foi só em setembro do ano passado que admitiu, pela primeira vez, estar à frente destas unidades. Conhecido como o “chef de Putin”, ganhou fama na área da restauração, ao organizar muitos jantares onde recebia o líder russo e é atualmente apontado como um dos seus sucessor.

Inicialmente um grupo que operava nas sombras a companhia foi ganhando visibilidade com a invasão da Ucrânia e já abriu, no final do ano passado, um escritório em São Petersburgo.