O Presidente brasileiro manifestou na sexta-feira confiança de que os Estados Unidos da América (EUA) passarão a contribuir para o Fundo Amazónia, o mais importante esforço de cooperação internacional para a preservação da floresta tropical.

À saída da Casa Branca, após um encontro com o seu homólogo norte-americano, Joe Biden, Luiz Inácio Lula da Silva disse acreditar que os EUA aderirão ao Fundo e defendeu a necessidade de países ricos financiarem ações de preservação ambiental em países em desenvolvimento.

“Não só acho que [os EUA] vão [aderir ao Fundo], como é necessário que participem, porque veja: o Brasil não quer transformar a Amazónia num santuário da humanidade, mas também não quer abrir mão” da soberania da Amazónia, disse Lula da Silva a jornalistas em Washington.

“Eu queria muito que o Presidente Biden participasse na construção de um Fundo com todos os países desenvolvidos do mundo para que possamos cuidar melhor do nosso planeta. (…) O que queremos mesmo é compartilhar a ciência do mundo todo, um estudo profundo sobre a necessidade de manter a Amazónia, mas extrair da biodiversidade amazónica algo que possa significar uma melhoria na qualidade de vida dos 25 milhões de pessoas que lá vivem”, frisou.

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Lula da Silva disse que não falou “especificamente do Fundo Amazónia” com Biden, mas sim da necessidade de os países ricos assumirem a responsabilidade de financiar todos os Estados que têm florestas, como é também o caso do Equador, Colômbia, Peru, Venezuela e Guianas, na América do Sul.

Contudo, um comunicado conjunto, divulgado pelo Governo do Brasil após as declarações de Lula da Silva, indica que os EUA anunciaram a intenção de fornecer recursos para programas de proteção da Amazónia brasileira, “incluindo apoio inicial ao Fundo Amazónia”.

O Fundo Amazónia foi criado por Lula da Silva em 2009 para ajudar no combate à desflorestação da floresta e era financiado principalmente pela Noruega e Alemanha.

Contudo, esses dois países congelaram as suas contribuições para esse fundo devido ao avanço da desflorestação na Amazónia no Governo de Jair Bolsonaro, mas manifestaram o desejo de retomá-las com Lula de volta ao poder.

Aos jornalistas que o esperavam à saída da Casa Branca, Lula da Silva também afirmou que um dos temas da conversa com Biden foi a guerra na Ucrânia, indicando que propôs a criação de um grupo de países para alcançar a paz.

“Falei da necessidade de se criar um grupo de países que não estejam envolvidos direta ou indiretamente na guerra da Rússia com a Ucrânia para encontrarmos possibilidades de fazer a paz. (…) Senti do Presidente Biden a mesma preocupação”, admitiu.

“São precisos parceiros capazes de construir um grupo de negociadores com credibilidade em ambos os lados e que possam acabar com a guerra”, acrescentou o Presidente brasileiro.

Biden e Lula encontraram-se na sexta-feira em Washington, onde abordaram o fortalecimento da democracia, a promoção do respeito aos direitos humanos e o combate à crise climática, segundo um comunicado conjunto.

Lula aproveitou a ocasião para convidar Biden a visitar o Brasil, que, por sua vez, “aceitou o convite”, de acordo com a nota difundida pelo Governo brasileiro.

“Os dois líderes comprometeram-se em ampliar o seu diálogo e buscar cooperação mais profunda em preparação para a celebração do bicentenário das relações diplomáticas Brasil-EUA em 2024”, diz o texto.

O comunicado indica ainda que os dois líderes manifestaram intenção de trabalhar juntos para uma reforma significativa do Conselho de Segurança das Nações Unidas, como a expansão de assentos permanentes do órgão a países africanos e da América Latina, de modo a torná-lo mais representativo.