Um tribunal de Milão absolveu esta quarta-feira o ex-primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, no caso de alegado suborno de mulheres para que não revelassem o que aconteceu nas suas festas privadas em 2010.

O magnata de 86 anos foi acusado de crime de corrupção por alegadamente ter pago pelo silêncio das participantes nas suas festas, 28 das quais foram indiciadas neste processo por perjúrio e também já foram absolvidas.

O juiz considerou que “o facto não subsiste”, ou seja, que a acusação contra Berlusconi e cerca de 20 mulheres que compareceram àquelas festas — entre elas a marroquina Karima El Mahroug, conhecida por Ruby e que esteve na origem do escândalo — não ficou comprovada.

Em maio passado, o Ministério Público de Milão tinha exigido seis anos de prisão e a apreensão de 10,8 milhões de euros do líder conservador.

A atual primeira-ministra de Itália, Giorgia Meloni, já reagiu à notícia, mostrando-se satisfeita com o veredicto judicial.

A absolvição de Silvio Berlusconi é uma excelente notícia que põe fim a um longo processo judicial que também teve importantes repercussões na vida política e institucional italiana”, disse Meloni, que lidera uma coligação de Governo da qual faz parte o partido Forza Italia, do ex-primeiro-ministro.

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O processo ficou conhecido como Ruby Ter, numa referência a Karima, apelidada de Ruby Rubacuore, a jovem com quem o político teve relações sexuais quando esta era menor de idade, nas suas polémicas festas, que ficaram conhecidas como as festas “Bunga Bunga”.

Estes “jantares elegantes”, como os classificou Berlusconi, deu azo a um julgamento pelos crimes de abuso de poder e incitação à prostituição de menores, em que o ex-primeiro-ministro foi condenado a sete anos de cadeia, acabando também por ser absolvido em 2015 pelo Supremo Tribunal.

No entanto, esse processo deu origem a outros julgamentos, incluindo o do caso Ruby Bis, que levou à condenação de três colaboradores de Berlusconi por proxenetismo.

O caso principal — que fica encerrado esta quarta-feira, a menos que surja um recurso da Procuradoria — foi investigado em Milão, mas o caso teve de ser desmembrado por uma questão de jurisdição em diferentes secções: em Torino, Pescara, Treviso, Monza e Siena, resultando numa longa lista de sentenças.

A Procuradoria de Milão sustentou neste processo que o então primeiro-ministro pagava milhares de euros por mês a muitas das mulheres que frequentavam as suas festas na sua mansão em Arcore e na sua então residência romana, Palazzo Grazioni, no coração de a cidade.

No julgamento desta quarta-feira, além de Berlusconi, outros 28 réus foram absolvidos, entre eles Ruby, a senadora Maria Rosaria Rossi, o jornalista Carlo Rosella e o ex-companheiro do jovem marroquino Luca Risso.

Berlusconi já não está na primeira linha da política italiana — principalmente devido à sua idade e a problemas de saúde — embora tenha conseguido voltar ao Senado e o seu partido, Forza Italia, faça parte da coligação de direita que atualmente governa a Itália, presidida por Giorgia Meloni.