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O som dos alarmes aéreos pela Ucrânia tornou-se um hábito nos quase doze meses de guerra, um aviso perante a eminência de uma nova vaga de ataques russos. Na quarta-feira, porém, as sirenes foram ativadas não pela presença de mísseis ou drones, mas perante o aparecimento de balões russos no território ucraniano.

As autoridades estão a avaliar o significado militar deste avistamento, o terceiro nesta semana, a que se seguiu uma nova onda de ataques já na madrugada de quinta-feira, que atingiu infraestruturas críticas e provocou pelo menos uma morte. Kiev considera que o uso destes equipamentos, aliado ao uso de falsos mísseis sem ogivas explosivas, representa uma “mudança de tática” russa nos ataques aéreos com o objetivo de iludir as defesas ucranianas.

“Querem sobrecarregar o nosso sistema de defesa antiaéreo para ter mais oportunidades para atingir infraestruturas”, revelou Mykhailo Podolyak, um dos conselheiros do Presidente Volodymyr Zelensky, em entrevista à Associated Press (AP). Garantiu, no entanto, que as defesas aéreas ucranianas estão a adaptar-se à nova situação.

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Os russos estão definitivamente a mudar de tática” e quando a invasão militar em larga escala se aproxima do primeiro ano, afirmou Podolyak.

Após uma vaga de mísseis e drones lançados contra diversos objetivos estratégicos ucranianos desde outubro, num esforço para danificar infraestruturas essenciais durante o inverno, algumas fontes ucranianas e ocidentais sugeriram que a Rússia poderá registar uma escassez deste tipo de armamento. Nesse sentido, Podolyak disse à AP que a Rússia já está a sentir os efeitos da “exaustão de mísseis”, escassez que forçou a uma alteração da tática. Assegurou ainda que Moscovo está a misturar velhos mísseis da era soviética com “novos mísseis que têm algum valor”.

Em novembro do ano passado o Ministério da Defesa britânico já tinha sugerido que a Rússia estava a retirar ogivas nucleares de velhos mísseis de cruzeiro para depois serem disparados sem os explosivos. “A Rússia pretende que esses mísseis funcionem como uma manobra de distração para as defesas aéreas ucranianas”, alertavam.

Além dos falsos mísseis, Podolyak alertou para o uso de “balões aéreos especiais”. Os equipamentos já foram detetados por três vezes, a primeira vez no domingo e de novo na terça-feira.

Ucrânia acusa Rússia de lançar balões de reconhecimento, mas garante que situação está “sob controlo”

Já na quarta-feira as autoridades disseram ter avistado seis balões russos no espaço aéreo da capital, a maior parte dos quais foram abatidos. A administração militar de Kiev sugeriu que estariam a carregar equipamento de reconhecimento e refletores angulares, com o propósito de ativar e esgotar os sistemas de defesa aéreos.

Na mesma linha, Oleksiy Danilov, secretário do Conselho de Segurança Nacional e Defesa da Ucrânia admitiu que os balões russos transportam refletores para confundir as defesas aéreas e indicou que Moscovo “se prepara para utilizar outros métodos”, sem especificar.

A estratégia poderá ter tido algum resultado, já que nesta quinta-feira as forças russas dispararam 36 mísseis, dos quais apenas 16 foram abatidos. Como refere a AP, trata-se de uma taxa de sucesso inferior à que se tem registados em ataques prévios.

“Os balões têm sido uma ferramenta regular ao dispor dos militares russos desde a Guerra Fria. Esta ferramenta era usada pelos avós destes invasores, que agora lutam contra nós. Infelizmente, podem carregar não só refletores de radares, mas também equipamento de reconhecimento ou pequenas bombas de propagação”, indicou o analista ucraniano Ivan Kyrychevskyi, em entrevista à emissora ucraniana, Espreso TV.

Segundo o especialista, Moscovo está a recorrer a estes equipamentos uma vez que as forças ucranianas aprenderam a lidar com as ameaças russas, como os drones de fabrico iranianos. Considera que o objetivo é testar se os balões podem ser usados para atingir alvos militares e civis.