Milhares de manifestantes, de direita e de esquerda, foram hoje para as ruas de Munique para protestar contra a Conferência de Segurança, que decorre na cidade alemã, e contra e a favor do apoio militar à Ucrânia.
O protesto mais participado, no qual pequenos grupos de direita convergiram com simpatizantes do partido radical Alternativa para a Alemanha (AfD), aconteceu na praça Königsplatz, chegando a reunir 10 mil pessoas, informou a polícia de Munique, numa mensagem divulgada na rede social Twitter.
Fotografias publicadas pela imprensa alemã mostram manifestantes em pleno protesto na praça Königsplatz, a empunhar bandeiras russas, emblemas da paz e algumas faixas com símbolos antissemitas, incluindo uma representação do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, como uma hidra de vários braços ligada ao milionário húngaro-norte-americano George Soros.
Numa outra praça de Munique, a Stachus Square, organizações de esquerda reuniram-se para se manifestar “contra as armas em geral” e contra os “nacionalismos”, nas palavras de um dos organizadores, e pediram “paz sem armas” na Ucrânia.
Este protesto reuniu cerca de 1.300 pessoas, segundo informações da polícia.
Por outro lado, cerca de 2.400 ucranianos residentes na Alemanha, acompanhados de simpatizantes, reuniram-se na Praça Odeon, mostrando bandeiras ucranianas e exigindo mais apoio a Kiev para enfrentar a invasão russa.
Nesta manifestação, que ainda decorre, está prevista a intervenção de deputados verdes e liberais, e da vencedora do Prémio Nobel da Paz de 2022, a ativista ucraniana Oleksandra Matvitchuk.
A polícia decidiu, este ano, concentrar em Munique um recorde de quase 5.000 agentes de várias regiões da Alemanha para a Conferência de Segurança, com o objetivo de garantir a segurança dos protestos e evitar confrontos entre manifestantes de diferentes convicções políticas.
A Conferência de Segurança de Munique junta, desde sexta-feira e até domingo, governantes, líderes de organizações internacionais e especialistas para avaliar as principais questões de defesa euro-atlânticas do ano.
Realizada todos anos desde 1963, a conferência é dominada pela presença de países da NATO (sigla em inglês para Organização do Tratado Atlântico Norte) e funciona como um termómetro dos debates de segurança da Europa, ajudando a identificar tendências futuras.
É também neste fórum que líderes de países que não integram a Aliança Atlântica aproveitam para passar mensagens, como fez o Presidente russo, Vladimir Putin, em 2007, quando, pela primeira vez, acusou publicamente os Estados Unidos de apoiarem uma expansão irracional da NATO para o Leste.
A ofensiva militar russa no território ucraniano mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a II Guerra Mundial.