Um forte sismo de 6.3 na escala de Richter atingiu, esta segunda-feira, o sul da Turquia, perto da costa com o Mediterrâneo, e fez-se sentir na Síria, Egito e Líbano. Será o abalo com mais impacto desde os fortes sismos de 6 de fevereiro.

As informações mais recentes da Autoridade de Gestão de Desastre e Emergência da Turquia atualizaram o número de mortos para oito e o número de feridos para 300, refere o The Guardian. O balanço de segunda-feira, cedido pelo ministro do Interior turco, Suleyman Soylu, falava de três vítimas mortais e 213 feridos.

Segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos, o abalo ocorreu a três quilómetros de Uzunbag, província de Hatay — das mais afetadas pelos sismos anteriores –, na fronteira turca com a Síria e o Líbano e a dez quilómetros de profundidade. Na escala Mercalli, tem uma classificação de IX, um nível que se traduz por “desastroso” (a escala vai até XII). Seguiu-se, três minutos depois, uma réplica com 5.8 na escala de Richter. Nas horas seguintes registaram-se mais 31 réplicas.

Numa zona onde estavam a começar os trabalhos de reconstrução, já se acumulam os relatos de danos provocados por este novo abalo: o presidente da câmara de Hatay, citado pela BBC, veio dizer que há pessoas presas nos escombros. Entretanto, já estão a decorrer operações de busca e salvamento em três prédios desabados, onde um total de cinco pessoas estão presas, acrescentou Soylu.

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Há também registo de aldeias, como Samandagi, que ficaram sem eletricidade. Em Hatay, os relatos são agora de pessoas em pânico, com medo de que se sucedam novas réplicas, rodeadas por uma nuvem de poeira no ar.

Testemunhas presentes no local adiantaram à Reuters que vários edifícios da zona ficaram “danificados” pelo impacto do novo sismo. Segundo os correspondentes da BBC na Turquia, apesar de já se terem registado mais de seis mil réplicas desde o abalo inicial, a 6 de fevereiro, o tremor de hoje “pareceu muito mais forte” do que os anteriores.

O facto de se ter sentido nalgumas das zonas mais afetadas pelos sismos anteriores tem outros efeitos colaterais: se os edifícios da zona já estavam em mau estado, agora há vários que estão a colapsar com facilidade. O mesmo terá, segundo o relato da BBC, acontecido com uma ponte.

Além disso, as brechas em estradas ficaram ainda mais profundas, o que dificulta o trabalho aos serviços de emergência que estão a tentar ajudar as pessoas afetadas pelos sismos.

Pouco depois de o novo abalo se ter feito sentir, repórteres no local já relatavam o “pânico” sentido pelos sobreviventes dos sismos anteriores, que estão a viver em tendas.

Um dos testemunhos citados pela BBC é de Ali Mazlum, um homem que estava à procura dos corpos de familiares soterrados nos sismos anteriores quando sentiu este abalo. “Agarrámo-nos uns aos outros e mesmo à nossa frente as paredes começaram a cair. Parecia que a terra se estava a abrir para nos engolir”, contou.

Entretanto, Ahmet Ovgun Ercan, prestigiado geofísico da Universidade Técnica de Istambul, assegurou à estação HalkTV que este terremoto, que estimou de 17 segundos de duração, é um fenómeno normal e antecipou que alguns edifícios já danificados terão desabado. Desde o terremoto de 6 de fevereiro praticamente nenhum dos edifícios de Antaquia está habitável, mas há equipas de trabalho de remoção de entulho que podem ter ficado retidas devido aos desabamentos.

“Foi terrível, janelas partidas caíram sobre nós. Todos deixaram as lojas em pânico. Com a escuridão ainda não dá para ver o que aconteceu”, realçou Ugur Sahin, repórter do jornal BirGün, à Efe por telefone.

Mas os impactos do novo sismo não fizeram estragos apenas na Turquia. Mais de 130 pessoas ficaram feridas em áreas ocupadas pelos rebeldes no noroeste da Síria, tendo os abalos provocado alguns deslizamentos de terras em áreas controladas pela oposição nas províncias de Idlib e Aleppo, adiantaram os socorristas das zonas rebeldes na Síria, os Capacetes Brancos.

“As nossas equipas estão a trabalhar para transferir os feridos para hospitais, inspecionar as áreas afetadas e limpar os escombros para reabrir as estradas para pedestres e ambulâncias”, explicaram os socorristas.

Até agora, nenhuma nova vítima foi relatada nas áreas controladas pelo Governo do Presidente sírio, Bashar al-Assad.

No passado dia 6 de fevereiro, sismos de 7.8 e 7.7 na escola de Richter na Turquia e na Síria mataram mais de 44 mil pessoas. Na sexta-feira, a Organização Mundial da Saúde aumentou para 84,5 milhões de dólares (79 milhões de euros) o pedido internacional de ajuda financeira destinado às vítimas destes sismos.

Artigo atualizado com os novos dados relativos ao número de mortos e feridos