Marcelo Rebelo de Sousa pede que a visita de Lula da Silva, o Presidente do Brasil, não seja ofuscada por questões do foro protocolar e político, apelando a que o foco se mantenha nos laços entre Portugal e Brasil.

Questionado pela imprensa se as questões ligadas à visita de Lula, que surgiram nos últimos dias, poderiam prejudicar o encontro, Marcelo disse acreditar “que não”. João Gomes Cravinho, o ministro dos Negócios Estrangeiros, anunciou na quinta-feira que Lula da Silva vai discursar na Assembleia da República na sessão solene do 25 de abril. Mas, em resposta à Lusa, o gabinete de Augusto Santos Silva, o presidente da Assembleia da República, remeteu decisões sobre o tema em “devido tempo”.

“Nos termos do Regimento, a ordem do dia é fixada pelo PAR ouvida a Conferência de Líderes e será isso que acontecerá em devido tempo em relação às sessões a realizar na segunda quinzena de abril”, respondeu o gabinete de Santos Silva, sem mais esclarecimentos. E, na sequência do anúncio, vários partidos criticaram o ministro dos Negócios Estrangeiros, falando num “atropelo inaceitável” e “desrespeito”.

E alguns partidos com assento parlamentar aproveitaram para criticar o convite feito ou o Governo. À esquerda, os reparos feitos foram à questão de protocolo, com o ministro a ultrapassar a Assembleia da República numa matéria que é da sua decisão. Já à direita juntou-se ainda a crítica à participação de Lula na sessão solene, por motivos políticos.

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Em declarações este sábado, na Voz do Operário, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que “a nossa relação com o Brasil está acima disso, no Brasil escolheram e escolheram Lula da Silva”. A propósito das “questões que têm a ver com respeito protocolar ou entendimentos diferentes”, o Presidente defende que estas não devem impedir “o essencial”, que é “que corra bem a visita, que é importante para Portugal”.

“É importante para nós que corra bem a visita pelo peso que [povo brasileiro] tem na comunidade portuguesa”, refere o Presidente português. E, segundo o chefe de Estado português, na visita tradicionalmente já estaria incluída uma ida ao Parlamento, “com discurso ou sem discurso”.

“O que no fundo pediria, por respeito total da separação dos poderes e da palavra da Assembleia da República, é que independentemente do que as pessoas pensam, gostando ou desgostando de Lula da Silva — aconteceria o mesmo com Jair Bolsonaro — é que sendo a favor ou não, não se inquine a questão principal, que que Lula é Presidente de todos os brasileiros.”

Ainda assim, Marcelo Rebelo de Sousa frisa que tem “a certeza de que qualquer que seja a solução a que chegue a Assembleia, será uma boa solução”. O Presidente português diz também que ainda não falou com Lula da Silva sobre a contestação em curso ao anúncio do discurso de Lula da Silva.