Era um dos encontros mais complicados da segunda volta, tornou-se o principal desafio superado até agora na segunda volta. Depois da inesperada derrota frente à Cremonese que não tinha qualquer jogo na Serie A, que teve como filme paralelo a expulsão de José Mourinho no primeiro minuto da segunda parte, a Roma deu a melhor resposta possível e venceu a Juventus no Olímpico num encontro onde o técnico português, que tinha sido criticado pelo desaire com o lanterna vermelha do Campeonato, saiu com vários elogios. “Ganhou pela margem mínima mas acabou o jogo com dois avançados em campo, talvez para aliviar a pressão na defesa e manter a equipa na área contrária o maior tempo possível. Só um louco ou um génio apostaria numa equipa cuja legitimidade tática ficaria ligada ao resultado”, escreveu o Corriere dello Sport.

Recebeu convite à última da hora, esteve na primeira fila e ganhou à Juventus (que teve jogador expulso em segundos)

A 13 jornadas de uma ziguezagueante Serie A que parece ter o título atribuído ao Nápoles mas que mantém em aberto os lugares de acesso à Liga dos Campeões e à Liga Europa entre Inter, Lazio, Roma, AC Milan e Atalanta (e Juventus, se conseguiu fintar a perda de 15 pontos com que foi sancionada no decorrer da época), os giallorossi ascenderam ao quarto lugar antes de mais uma semana com jogo europeu pelo meio e era em relação a isso que Mourinho colocava o foco. “A equipa está a evoluir mentalmente mas continuamos sem conseguir ganhar três jogos numa semana, é aí que falhamos”, admitiu o português, entre elogios à formação da Real Sociedad: “É uma grande equipa, sendo difícil apontar-lhe fraquezas. Tivemos azar no sorteio”.

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Atuais quarto classificados e num projeto de crescimento sustentado com Imanol Alguacil desde 2018, os bascos, que venceram o seu grupo da Liga Europa que tinha o Manchester United, apostavam na competição em paralelo com a qualificação para a Liga dos Campeões da próxima temporada e seriam um adversário complicado para uma equipa romana que voltava a ter Dybala como principal referência. “Com o Paulo, a dança é outra”, admitiu Mourinho. E os elogios são mútuos, com o avançado argentino, que também se sagrou campeão do mundo no Qatar, a destacar a relação que mantém na Roma com o treinador português.

“É verdade que é como uma segunda juventude, todos me receberam de uma maneira incrível. A paixão que se vive na cidade é muito forte, jogamos sempre com o estádio cheio e é bastante grande. Isso permitiu-me dar o melhor de mim. Dependência de Dybala? Não, nada isso, para ter bons números a equipa tem de estar bem. Somos um grupo unido que luta pelo mesmo. Mourinho? Temos uma boa comunicação. Falamos, discutimos, sabemos o que o outro pensa. Vê cada jogo como uma final, nisso somos iguais. Que um treinador que já ganhou tanto, que já teve tantos jogadores, me elogie é um grande prazer. Ele ajuda-nos muito. Antes de chegar a Roma já tinha falado com ele por telefone. Gosto da forma de ser dele, como encara cada treino e cada jogo. O telefonema convenceu-me. É um vencedor e atraiu-me”, contou à Marca.

Agora, essa experiência do técnico ficou bem patente, com o Olímpico em apoteose com um triunfo por 2-0 que deixa a eliminatória bem encaminhada rumo aos quartos da Liga Europa. Duas décadas depois de ter ganho a Taça UEFA pelo FC Porto e exatamente 19 anos depois da célebre corrida pela linha com o golo de Costinha em cima do minuto 90 em Old Trafford que valeu a passagem aos quartos da Champions frente ao Manchester United (num percurso que só acabaria com a vitória na final com o Mónaco), Mourinho mostrou que ainda não perdeu o toque de Midas na Europa na época seguinte a ter ganho a Liga Conferência.

No entanto, este foi sobretudo um teste à maturidade competitiva da Roma frente a uma Real Sociedad que confirmou o porquês de estar a ser a equipa revelação da La Liga. E as oportunidades surgiram nas duas balizas, com El Shaarawy a inaugurar o marcador após cruzamento de Tammy Abraham (13′) e Kubo a acertar no poste da baliza de Rui Patrício após jogada de Mikel Merino (21′). O intervalo chegaria com essa vantagem mínima antes de um segundo tempo em que os espanhóis tiveram mais bola, os italianos foram dando a iniciativa para jogarem em transições, Belotti acertou também no poste após um grande passe de Mancini na profundidade (67′) e Kumbulla, central marcado com alguns erros que têm custado resultados à equipa, a “regenerar-se” perante os adeptos com um cabeceamento após canto que fez o 2-0 final (87′).