O tema das jornadas do PS, em Tomar, são os serviços do Estado, mas as duas ministras convidadas aproveitaram para responder ao líder da oposição em duas frentes: IRS e PRR. De uma forma simples (ou simplex — já que, no slogan do evento o PS, a pede um Estado “simples, célere e eficiente”), utilizaram o governo de Passos Coelho como arma de arremesso. Se Luís Montenegro pediu na manhã desta segunda-feira uma redução do IRS, a ministra Adjunta Ana Catarina Mendes lembrou que foi o anterior Governo PSD que criou uma “sobretaxa” e avisou o líder da oposição que vai ter de esperar por eleições porque este é um “Governo para durar até 2026“.

Logo depois de Ana Catarina Mendes, foi a vez da ministra da Presidência responder a Montenegro que, quatro dias antes, em Bruxelas, fez queixas à presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, de que o Governo de Costa estava a utilizar mal os fundos do PRR. Mariana Vieira da Silva sugeriu que o PRR só existe, em parte, porque António Costa o defendeu precisamente em Bruxelas. “O PRR não foi um bolo que apareceu do nada. Parte de iniciativa política e um papel que temos representado em Bruxelas e que até 2015 não representávamos”, atirou.

[Ouça aqui a reportagem da Rádio Observador nas Jornadas Parlamentares do PS]

Ana Catarina Mendes: “Dr. Montenegro, não acordámos hoje para os problemas do país”

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Mariana Vieira da Silva diz ainda que, para que exista PRR, “foi preciso alguém [António Costa] bater-se com ele quando mais ninguém se batia”. Ao mesmo tempo, referiu que “longe vão os tempos” em que o primeiro-ministro vinha de Bruxelas a dizer que era “preciso um esforço orçamental”, em mais uma alusão a Passos Coelho.

As duas ministras repetiram que “o PS não chegou ao Governo hoje” e que “Governa desde 2015”. Ana Catarina Mendes responderia ainda diretamente ao pedido de Montenegro para que haja mais estabilidade fiscal, lamentando ouvir “o doutor Montenegro dizer isso quando, “entre 2011 e 2015, foi o PSD que se lembrou de criar uma sobretaxa de IRS, que cortou salários, cortou pensões, empobreceu a sociedade portuguesa.”

Ana Catarina Mendes disse mesmo que, entre 2015 e 2019, o Governo teve de estar concentrado em refazer o que foi desfeito pelas políticas do PSD de Passos Coelho. “A prioridade até 2019 foi repor rendimentos, criar empregos e, com isso, criar riqueza”, defendeu.

A ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares lembrou ainda que “faz quinta-feira um ano que, pela forma de governar, os portugueses renovaram a confiança no PS”, puxando dos galões da vitória nas legislativas de 2022. Deixou depois, então, um aviso a Luís Montenegro que o Executivo não pretende ficar a meio do caminho: “Este não é um governo alheado da realidade e comprometido com os portugueses que em nós confiaram. Este é um Governo que respeita o compromisso com os portugueses. Este é um Governo para durar até 2026.”

Já o líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, já tinha respondido durante a manhã ao pedido de descida de IRS de Luís Montenegro. Mais uma vez, com um comparativo com 2015, ano em que terminou o Governo de Passos Coelho. O líder parlamentar socialista admitiu que “no orçamento para 2024” o PS vai procurar “prosseguir a tendência de desagravamento dos impostos sobre o trabalho.” Lembrou que as “opções de desagravamento de IRS, não começaram em 2015. As nossas opções de desagravamento de IRS começaram em 2015. O senhor primeiro-ministro já disse que “em igualdade de circunstâncias, os portugueses pagam menos 2 mil milhões de euros de IRS do que em 2015.”

A abertura das jornadas parlamentares — que até têm como mote a modernização administrativa — teve assim como objetivo uma resposta a Montenegro com uma linha muito clara: lembrar os cortes durante a governação de Pedro Passos Coelho.

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