A diplomacia norte-americana quer aumentar o investimento privado em Cabo Verde, nomeadamente na área tecnológica e com o apoio da diáspora cabo-verdiana, disse esta segunda-feira o representante especial do Departamento de Estado, Dilawar Syed.
“Estamos a procurar aumentar o nosso investimento, o investimento norte-americano, em Cabo Verde, que obviamente é um país importante”, afirmou aos jornalistas o representante especial do Departamento de Estado dos Estados Unidos da América (EUA) para os Assuntos Comerciais e Empresariais, no primeiro dia de visita à Praia.
“Pensamos que no que toca às infraestruturas, às energias renováveis, há um grande, grande potencial em Cabo Verde. É por isso que estou aqui, representando a diplomacia dos EUA, para atrair mais investimento para este mercado”, disse ainda.
Para Dilawar Syed, Cabo Verde apresenta-se como porta de entrada em África, o que representa, disse, uma vantagem estratégica para o arquipélago, juntamente com a sua forte diáspora nos EUA, a maior cabo-verdiana fora do país, estimada em mais de 200 mil pessoas.
“Mas primeiro temos que dar a conhecer e é por isso que vim cá. Não há muito conhecimento [nos EUA] das oportunidades que existem em Cabo Verde, seja na tecnologia ou na indústria. Vir cá é para dar mais foco a este mercado“, sublinhou.
Durante os dois dias da visita, o representante especial do Departamento de Estado dos EUA vai reunir-se com entidades governamentais cabo-verdianas, visitará o futuro Parque Tecnológico da Praia e várias pequenas empresas. No primeiro dia reconheceu desde logo a dificuldade sentida pelos empresários locais no acesso a financiamento para projetos.
“São aspetos críticos, sem os quais é muito difícil criar um ecossistema”, enfatizou.
A visita de Dilawar Syed a Cabo Verde começou esta manhã pela Fresk d’Gustinh, uma empresa cabo-verdiana de origem familiar, com seis anos, da área da transformação do pescado e que investiu 128 milhões de dólares para expandir a atividade, a pensar no próximo ano na exportação para os mercados da Europa e dos EUA.
“A nossa certificação já está preparada para quando estivermos preparados começar a exportação”, explicou Simone Duarte, cofundadora da empresa, projeto cofinanciado pela agência norte-americana USAID, através do West África Trade and Investment Hub.
Com 36 trabalhadores, dos quais 20 pescadores, a Fresk d’Gustinh conta com embarcação própria de pesca e assegura ainda a transformação e comercialização de todo o tipo de pescado do mar cabo-verdiano, numa produção que ronda diariamente a meia tonelada.
Um projeto que, explicou, trabalha igualmente a “segurança alimentar”, na distribuição da produção no arquipélago, e que está em processo de expansão, apesar de Simone Duarte reconhecer a necessidade de este tipo de investimento sair do papel em Cabo Verde, país que assume o objetivo da aposta na economia do mar.
“Há muitas boas intenções, mas as boas intenções precisam de ser executadas. É preciso trabalhar mais na vertente prática”, admitiu.