A bandeira da comunidade transexual foi, esta sexta-feira, hasteada na varanda dos Paços de Conselho da Câmara Municipal de Lisboa, no dia em que se celebra o Dia Internacional da Visibilidade Trans. A vereadora Paula Marques, da associação Cidadãos Por Lisboa (CPL) que elegeu dois deputados em 2021 nas listas do PS, foi quem liderou a iniciativa, tendo publicado o momento nas suas redes sociais.

No içar da bandeira, que ocorreu às 11h00 desta sexta-feira, estavam presentes apenas representantes dos partidos de esquerda (PS, BE, PCP e Livre). O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, não compareceu, nem qualquer membro dos partidos mais à direita (PSD e CDS-PP).

Na reunião da câmara da passada quarta-feira, o autarca já se tinha manifestado contra o hastear da bandeira por razões institucionais. Citado pelo Público, Carlos Moedas sublinhou que não se opõe a “defender os direitos trans”, mas vincou que era um “institucionalista”: “Não podemos andar num percurso de continuar a pôr aqui bandeiras na nossa câmara”.

Em vez disso, o presidente da capital apresentou outras soluções, como a bandeira trans ser içada em “outros locais”, “como na Praça do Município ou até no edifício do Campo Grande”. Os Paços do Concelho “é o local onde se implantou a República”, lembrou.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Penso que há um respeito que temos que ter, que é a instituição”, prosseguiu Carlos Moedas citado pelo Expresso, referindo que, “ou temos aqui um critério, de que tipo de bandeira, e quando”, ou “se não, podíamos ter todos os dias diferentes bandeiras de diferentes causas”.

Na cerimónia desta sexta-feira, Paula Marques respondeu às declarações de Carlos Moedas na reunião. “Vamos fazê-lo no sítio onde se proclamou a República, sim, porque o direito à República é o mesmo que o direito à diferença, atualizado para os dias de hoje. E, portanto, este é o sítio adequado para se fazer este gesto. Por ter sítio onde se proclamou a República, é o local adequado para se dar visibilidade à diferença”, atirou.

Na reunião da Câmara de quarta-feira, os Cidadãos de Lisboa apresentaram uma proposta com quatro pontos, que incidiam sobre os direitos da comunidade do LGBTI+. Foram todos aprovados por unanimidade, à exceção do hastear da bandeira trans — que contou com os votos contra do PSD e dos CDS-PP.