Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda, acusou António Costa de ter duas caras relativamente à forma como acredita que a inflação deve ser combatida, uma como secretário-geral do PS e outra como primeiro-ministro.

Ao recordar um discurso no 5.º Congresso da Tendência Sindical Socialista (TSS) que juntou sindicalistas socialistas, onde António Costa disse que “tem de haver um esforço comum de todos para fazer essa melhoria dos rendimentos”, Catarina Martins apontou as diferenças: “Ouvi o secretário-geral do PS a dizer que para controlar a inflação era preciso controlar os preços e aumentar salários e registei que o primeiro-ministro recusa-se a controlar preços e aumentar salários.”

E prosseguiu com um ataque: “Fiquei sem saber muito bem por que é que temos esta dupla personalidade no PS.”

Após uma reunião com a comissão de trabalhadores da Soflusa, a coordenadora do Bloco de Esquerda também não poupou o primeiro-ministro, ao culpá-lo pelo facto de os trabalhadores não terem “os aumentos salariais que António Costa prometeu a todos os trabalhadores da esfera do Estado”.

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“Há mais gente a precisar do barco seja porque o preço dos passes desceu, o preço do combustível ficou mais caro e as casas estão muito caras em Lisboa e há mais gente a viver na margem sul. O aumento que foi prometido em mais barcos, mais carreiras e mais tripulantes nunca apareceu… há mais passageiros nos barcos que existem”, sublinhou Catarina Martins, apontando para o facto de estarem em causa “problemas graves” aos quais “o Governo parece fugir”.

Aos olhos da coordenadora do Bloco de Esquerda, o Governo, “em vez de resolver estes problemas está a falar noutras ligações que sabe que nunca vão existir para não resolver estes problemas”.

“Tem sido uma forma de atuar do Governo, que vai destruindo toda a capacidade de o Estado funcionar: quando há um problema, em vez de o resolver começa a falar de um projeto qualquer que nunca vai acontecer enquanto deixa as condições deteriorarem-se”, acusou.

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