Christine Ourmières-Widener foi ouvida, pela primeira vez, no Parlamento a 18 de janeiro, e na véspera esteve reunida com o grupo parlamentar do PS, reunião na qual estiveram também elementos dos gabinetes ministeriais. Do PS, revelaria mais tarde, esteve presente o deputado Carlos Pereira, que coordena a comissão de inquérito pelo partido. 

A Iniciativa Liberal cita uma nota no calendário da CEO da TAP, com data de 17 de janeiro, que refere uma “Reunião preparatória com o GPPS sobre audição à senhora PCE TAP”. Esta reunião aconteceu, confirma a CEO da TAP, na véspera da ida da CEO ao parlamento, onde foi chamada para falar do despedimento de Alexandra Reis.

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“Houve combinação de perguntas e respostas”, questionou Bernardo Blanco. A CEO diz que “não se lembra”, mas que “a ideia era fazer perguntas sobre o processo e eu respondi às perguntas”.

Questionada sobre se esta reunião seria “ética”, pelo facto de ser com o grupo parlamentar do partido que está no Governo, a CEO diz que a reunião foi “difícil de julgar”. “Não fiz nenhum julgamento sobre esta reunião”.

Christine afirma também que no encontro estiveram “membros júnior” do Governo, como assessores e chefes de gabinete, e nenhum governante.

A IL refere que participaram na reunião o chefe de gabinete do ministro das Infraestruturas, uma vereadora e até uma adjunta da ministra dos assuntos parlamentares. “Deve ter sido a reunião mais participada de sempre que teve com o PS e o Governo. De quem foi a iniciativa?”, questionou a IL.

A gestora diz que o encontro foi uma “recomendação do Ministério das Infraestruturas”, quando questionada se teria sido um pedido ainda com tutela de Pedro Nuno Santos ou se já seria de João Galamba, que à data de 17 de janeiro já era o ministro da tutela. Não ficou claro. Christine Ourmières-Widener responde apenas que “não foi com as pessoas que mudaram”. Mas muitas das pessoas que estiveram com Pedro Nuno Santos mantiveram-se no Ministério com Galamba.

Paulo Moniz, do PSD, volta ao tema da reunião com PS, questionando se algum dos deputados que está na comissão de inquérito esteve nesse encontro e cita António Costa dizendo que quer “toda a verdade, doa a quem doer”. Paulo Moniz pede que nenhum dos deputados que esteve na reunião faça qualquer pergunta. O presidente da comissão de inquérito, Seguro Sanches, diz que a questão deve ser colocada na comissão de Economia, onde Christine Ourmières-Widener foi ouvida na primeira vez.

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Carlos Pereira esteve presente na reunião, PSD contesta condução dos trabalhos

Carlos Pereira, do PS, responde dizendo que o partido não está a ser inquirido, deixando a pergunta de volta sobre se nenhum grupo obteve informações antes. Mas foi o próprio Carlos Pereira que acabou por ficar na berlinda.

Na intervenção do PSD, Paulo Moniz questionou a CEO sobre se algum dos deputados da comissão esteve nesse encontro. “Uma pessoa. Carlos Pereira”, revela a gestora francesa. “Pode repetir?”, pede Paulo Moniz. “Carlos Pereira”.

Após esta revelação, o PSD faz uma interpelação à mesa. “Não podemos permitir que os trabalhos continuem porque Carlos Pereira esteve na preparação da vinda da CEO ao parlamento. O presidente da comissão tem de zelar pelo cumprimento dos princípios básicos e não podia deixar que Carlos Pereira conduzisse a primeira ronda da audição. Não podemos deixar que passe em claro”.

Seguro Sanches, que preside a comissão, contesta a posição do PSD. “Não sou eu que determino a ordem dos deputados que se inscrevem para falar. Nesta comissão, os deputados estão individualmente, respondem pelos seus atos e por aquilo que fazem. Não entendo que deva ser o presidente a limitar intervenções dos deputados”.

Seguro Sanches considera que o PSD “teria razão se a questão tivesse sido colocada sobre uma reunião antes desta CPI, o que não foi o caso”. A audição prosseguiu.

(Notícia atualizada às 21h02 com a revelação da CEO da TAP sobre a presença de Carlos Pereira na reunião)