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O mistério da origem dos documentos confidenciais norte-americanos revelados na semana passada, contendo informações militares sensíveis sobre a contraofensiva ucraniana, começa a ser resolvido. Enquanto as autoridades dos EUA fazem as sua próprias investigações internas, a plataforma de investigação Bellingcat avançou que a fuga de informação terá tido origem em salas de chat virtuais de videojogos.

A fuga de informação foi noticiada na quinta-feira, quando vários internautas se deram conta de que uma série de documentos, aparentemente com dados relativos à contraofensiva ucraniana e às baixas em Bakhmut, circulavam nas redes sociais.

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Duas versões dos documentos foram detetadas, com uma delas a conter dados alterados para diminuir o número de baixas russas e exagerar os mortos ucranianos. De acordo com os analistas independentes, ambas as versões terão sido partilhadas pela primeira vez num chatroom do Discord, uma plataforma de troca de mensagens vocacionada sobretudo para videojogos.

A divulgação dos dados pode ser traçada a uma sucessão de grupos de Discord. A Bellingcat começou por identificar uma partilha, datada de 4 de março de 2023, num servidor ligado ao popular jogo Minecraft, um mês antes de estes começarem a ser partilhados em plataformas como o Twitter, o Telegram ou o 4chan.

Depois de uma breve discussão com outra pessoa no servidor sobre mapas do Minecraft e a guerra na Ucrânia, um dos utilizadores respondeu com: ‘olha, toma uns documentos confidenciais’ — com um anexo de 10 documentos sobre a Ucrânia, alguns dos quais marcados como ‘top secret‘”, referiu Aric Toler, analista do grupo baseado nos Países Baixos.

Ao que tudo indica, este utilizador anónimo terá tido acesso aos documentos num outro servidor de Discord, centrado em volta do canal de YouTube wow_mao, onde cerca de 30 documentos haviam sido partilhados. Estes, por seu turno, surgiram num terceiro, chamado “Thug Shaker Central”, cujas primeiras partilhas de documentos remontam ao mês de janeiro.

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“Publicações e listas de canais mostram que os interesses dos utilizadores deste servidor eram videojogos, música, Cristianismo Ortodoxo, e o popular canal de YouTube oxide” afirmou Toler, numa referência a um canal de YouTube de temática militar, com cerca de 200 mil seguidores. “Este servidor não era particularmente geopolítico, ainda que os seus utilizadores demonstrassem posições bastante conservadoras em vários assuntos”, como atestam os vários insultos e memes racistas publicados frequentemente na sala virtual.

Curioso é que esta está longe de ser a primeira vez que a divulgação de documentos sensíveis é traçada a salas de chat de videojogos. Na verdade, são já dezenas de exemplos em que internautas e jogadores com acesso a informações sensíveis partilham documentos numa tentativa de ganhar discussões virtuais sobre armamento.

A Bellingcat contactou o Discord, que não teceu quaisquer comentários sobre a aparente fuga de informação nos seus servidores. Já o Departamento de Defesa dos EUA confirmou que está “a rever ativamente esta matéria, que remeteu formalmente para o Departamento de Justiça para investigar”.

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