Paulo Rangel, vice-presidente do PSD, considera que o Governo português tem de se demarcar das declarações do Presidente brasileiro relativamente à guerra na Ucrânia. Apesar de não se oporem à visita de Lula da Silva, os sociais-democratas apontam obrigações a António Costa e João Gomes Cravinho para contrariarem a posição do Presidente brasileiro, que tem feito uma “condenação pública” da União Europeia dizendo ser uma “parte com intervenção direta na guerra”.
“A visita [de Lula da Silva] não pode ser feita com um silêncio sobre esta matéria quando se acusa Portugal de estar em guerra e de estar a fomentar a guerra”, referiu o vice-presidente do PSD, ao pedir um esclarecimento ao primeiro-ministro para que reafirme a posição portuguesa “a favor do direito internacional” e de condenação à invasão da Ucrânia por parte da Rússia.
Rangel sublinhou que “o Governo português não pode deixar de se demarcar da afirmação de que a UE, a NATO e os EUA estão a fomentar e a estimular a guerra”, notando não ser possível aceitar posições que apontem “que a Ucrânia deve perder a Crimeia ou que o Presidente Zelensky é responsável pelo conflito”.
Apesar de ter pedido uma intervenção direta do Governo neste caso, o PSD realçou que esta visita é uma ocasião para “para relançar relações económicas, culturais e políticas com o Brasil”, mas também para que “o Estado português possa ser o motor de um novo fôlego das relações do Brasil com UE”, tendo em conta que Portugal é, na visão de Rangel, “uma ponte natural entre o Brasil e a Europa”.
“O PSD sempre defendeu que [Lula da Silva] devia ser recebido na Assembleia da República e ter direito de palavra, não na sessão solene do 25 de Abril e, de preferência, não no dia 25 de Abril para não ofuscar nenhuma das cerimónias”, reiterou, frisando que, tomada a decisão, o PSD estará presente para “honrar esta relação com sentido de Estado”.