Maria Leonor Cunha, a “matriarca”, o “pulmão”, a “mulher de armas” da Casa Piriquita, morreu aos 91 anos, anunciou a emblemática pastelaria através das redes sociais. “Hoje perdemos um marco da história desta Casa, uma ‘mulher de armas’ e a Matriarca da família Cunha e da Casa Piriquita, a nossa Maria Leonor Cunha”, pode ler-se numa publicação na rede social Instagram. “Leva um pouco de todos nós e deixa-nos o segredo mais bem guardado desta família. Não é ao acaso que Leonor rima com amor!”.

Natural de São Pedro de Penaferrim, Maria Leonor Cunha nasceu a 23 de dezembro de 1931, “longe de imaginar o que o futuro lhe reservaria”, pode ler-se na sua biografia no site da pastelaria. É que conhecer António Manuel dos Santos Cunha, neto de Constância Luísa Cunha, conhecida por “Piriquita” – figura que deu o nome à casa dos famosos travesseiros – trocou-lhe as voltas à vida.

Mas recuemos no tempo: depois de aos nove anos ter começado a distribuir leite das vacas criadas pelos pais, Maria Leonor deixa a escola com apenas o quarto ano de escolaridade para ajudar a família, dedicando-se, então, à costura. Aos 14 anos, perde a irmã Maria Helena, apenas um ano mais nova, vítima de tuberculose. A futura “matriarca” era a mais velha de quatro, tendo mais dois irmãos: Maria Teresa e João Filipe.

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Uns anos depois deste acontecimento, que a terá marcado para sempre, indica a mesma página, conhece António Manuel dos Santos Cunha, que vem a tornar-se num “companheiro de meio século de vida”. Trabalhou ao lado da sua avó durante mais de 20 anos, aprendendo junto dela tudo sobre a arte da pastelaria – e, consequentemente, sobre o segredo dos famosos travesseiros da Casa Piriquita, além das receitas de todos os outros bolos comercializados no estabelecimento fundado há mais de 150 anos. “Gulosa por natureza”, encontrou na profissão outro amor para a vida.

Os famosos travesseiros de Sintra da Casa Piriquita.

Tanto que depois de Constância morrer, em 1974, foi em Maria Leonor Cunha que ecoou o seu legado. Maria Leonor tornou-se na “matriarca”, dedicando a sua vida à Casa Piriquita: “Trabalhava arduamente, sendo muitas vezes a primeira a chegar, e a última a sair“, pode ler-se. “Confecionava de forma dedicada e exímia todas as iguarias, sem exceção, sendo a principal responsável pela manutenção da qualidade da doçaria.”

“Os bolos da Casa Piriquita não engordam, são light”, costumava brincar. Maria Leonor trabalhou no famoso estabelecimento até os problemas de saúde o permitirem, em setembro de 2016.