O secretário-geral do PS recordou a relação de amizade entre o ex-Presidente da República Mário Soares e o ex-chanceler alemão Willy Brandt, aludindo à “possibilidade de os socialistas portugueses serem capazes de derrotar” o totalitarismo em 1974.
De acordo com António Costa, o antigo chanceler alemão social-democrata acreditava no otimismo de Mário Soares.
“Era sobretudo uma visão realista relativamente ao futuro”, disse, lembrando que o também antigo primeiro-ministro estava em Bona, Alemanha, no dia 24 de abril de 1974 – véspera da Revolução dos Cravos.
António Costa falava à margem da inauguração da exposição da Fundação Chanceler Willy Brandt na Fundação Mário Soares e Maria Barroso (FMSMB), em Lisboa.
“O país deve muito (…) ao facto desse apoio, da família social-democrata, por ter permitido a consolidação da democracia e depois a viabilização da entrada de Portugal na então CEE [Comunidade Económica Europeia]”, a 1 de janeiro de 1986, acrescentou.
O evento desta quinta-feira contou também com as intervenções da presidente da FMSMB, Isabel Soares, e do ex-presidente do Parlamento Europeu e atual presidente da Fundação Friedrich Ebert (FES), Martin Schulz.
A exposição biográfica sobre Willy Brandt e a amizade com Mário Soares, promovida pela FES e pela FMSMB, estará patente entre esta quinta-feira e 31 de julho deste ano, depois de ter passado por Espanha, Rússia, Noruega e Polónia.
Em novembro de 2004, o ex-Presidente da República Mário Soares considerou o ex-chanceler alemão Willy Brandt “um gigante” da política mundial do século XX.
“Willy Brandt foi um gigante do século XX, uma das dez personalidades que marcaram o último século”, afirmou Mário Soares, na ocasião.
O ex-Presidente da República disse que foi dos últimos estadistas europeus a visitar Willy Brandt (que faleceu em 1992, vítima de cancro, com 78 anos) enquanto primeiro-ministro da República Federal Alemã, em 02 de maio de 1974.
“O 25 de Abril tinha acontecido há poucos dias e o general Spínola (Presidente da República na altura) nomeou-me para explicar a revolução em toda a Europa“, recordou o ex-primeiro-ministro socialista falecido a 7 de janeiro de 2017.
Considerado o patriarca da social-democracia alemã e mundial, o antigo chanceler alemão e ex-presidente da Internacional Socialista (IS) dirigiu a Alemanha entre 1969 e 1974.
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Em 1971, foi laureado com o prémio Nobel da Paz pela sua política de desanuviamento com o leste europeu. Um ano depois, Bona e Berlim assinavam o tratado interalemão, selando a divisão da Alemanha do pós-guerra ao reconhecer a existência de dois estados em solo alemão.
O tratado “não eliminará à partida as barreiras que nos separam, mas abrirá vias que há muito estavam fechadas”, disse Brandt na altura, pela rádio.
Demitiu-se da chefia do governo em 1974, após o anúncio de que um dos seus principais conselheiros era um espião a soldo da República Democrática Alemã (RDA), mas continuou a encabeçar campanhas contra a pobreza mundial e a favor do desarmamento.