O ministro das Infraestruturas disse na tarde deste sábado em conferência de imprensa que a PSP deixou que o seu ex-adjunto Frederico Pinheiro saísse das instalações do ministério na última quarta-feira, depois de este alegadamente ter agredido pessoas do seu gabinete — que se trancaram numa casa de banho — e retirado um computador com informação classificada, que mais tarde viria a ser recuperado. Questionada pelo Observador sobre se confirmaria esta atuação, a PSP diz que não responderá às acusações.

O ministro das Infraestruturas levantou dúvidas sobre a atuação da PSP na conferência de imprensa que deu este sábado a propósito das últimas polémicas que envolvem aquele ministério, incluindo as versões contraditórias sobre as reuniões com a ex-CEO da TAP antes de esta ir à comissão parlamentar de inquérito.

Nessas declarações, Galamba afirmou que após a exoneração do seu ex-adjunto, este foi ao gabinete de onde retirou o computador do ministério que usava. Nesse momento, ao ter sido interpelado pela chefe de gabinete, Frederico Pinheiro ter-se-á tornado agressivo e, perante esse cenário de violência, o seu gabinete chamou a PSP. Esse foi, na versão do ministro das Infraestruturas, o primeiro contacto com as autoridades na sequência das agressões e do alegado furto.

“Havia mulheres trancadas numa casa de banho depois de serem agredidas e chamaram a PSP”, descreveu Galamba, sublinhando que o computador que estava a ser retirado por Frederico Pinheiro tinha “amplo acervo” de documentos classificados.

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O Observador já tinha noticiado que para evitar a saída do ex-adjunto de Galamba, a segurança do ministério foi acionada e as portas foram todas trancadas, tendo Frederico Pinheiro ficado retido até à chegada das autoridades. E é esse momento, aquele em que os agente da PSP chegam ao ministério, que o ministro critica.

A PSP esteve cá [no ministério] e permitiu que o agressor, que tinha roubado o computador, saísse das instalações. Nós reportámos ao SIS e à PJ, que são as entidades que tratam da proteção de dados e cibersegurança. Portanto, apenas transmitimos o que é nosso dever transmitir. Há um computador que é propriedade do estado português e uma pessoa que já não é membro de um gabinete que tem esse computador com enorme arquivo e documentos classificados. Documentos que não podem ser usados livremente e não podem estar na propriedade dessa pessoa, que já não tinha credenciais para aceder ao gabinete. E era obrigação da chefe de gabinete reportar às autoridades competentes. As autoridades competentes terão feito aquilo que, nos termos da lei, entendem dever fazer, mas sobre isso não me pronuncio“, atirou, numa crítica à atuação da PSP.

O ministro das Infraestruturas chegou mesmo a reforçar que uma assessora e a chefe de gabinete foram alvo de “violência”, de uma “bárbara agressão”, por parte do seu ex-adjunto no interior do ministério.

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Questionada esta tarde pelo Observador, fonte oficial do Ministério da Administração Interna, que tutela a PSP, sugeriu que fosse a Polícia de Segurança Pública a responder, por se tratar de “uma matéria operacional”.

Mas da parte do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP não chegou, até à publicação desta notícia, qualquer comentário. Já a Direção Nacional desta força policial, liderada por Magina da Silva, deixou claro que não fará comentários sobre as acusações à sua atuação.

“Sobre esse assunto a PSP não vai prestar qualquer declaração”, respondeu fonte oficial da Direção Nacional da PSP.