O exército de Israel vai retirar cerca de 200 famílias residentes em colonatos próximos da Faixa de Gaza, no sul do país, devido a uma possível retaliação palestiniana aos ataques israelitas da madrugada desta terça-feira, que provocaram 13 mortes.

Num comunicado, o Conselho Regional de Shaar Hanegev, que congrega cerca de 6.000 israelitas de 11 colonatos, no noroeste do enclave e a menos de quatro quilómetros da linha divisória com Gaza, disse que grande parte dos habitantes da zona já abandonou os locais de residência face à iminência de um ataque, com foguetes, por parte de milícias palestinianas.

O ministro da Defesa israelita, Yoav Galant, deu esta terça-feira de manhã luz verde à execução de um programa que permite aos residentes dos colonatos próximos da Faixa de Gaza serem acolhidos em residências no resto de Israel durante o período de hostilidades previstas com as milícias palestinianas.

O colonato de Kedumim, uma colónia na Cisjordânia ocupada, ofereceu-se esta terça-feira de manhã para acolher “famílias do sul que precisam de uma pausa e de escapar à situação atual”.

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O ataque israelita com meios aéreos provocou a morte a 10 civis, entre eles quatro crianças e quatro mulheres, bem como a de três membros aparentemente da direção da Jihad Islâmica Palestiniana (JIP).

Doze mortos na Faixa de Gaza após ataques aéreos israelitas

Entretanto, o ministro da Segurança Nacional israelita, o ultranacionalista Itamar Ben Gvir, congratulou-se com ao morte dos três membros da JIPE e anunciou o fim do boicote do seu partido, o Poder Judaico (extrema-direita), ao Governo de coligação.

“Na sequência da adoção da nossa posição e da transição de uma posição de contenção para uma posição de ataque com o assassínio dos líderes da Jihad Islâmica, voltaremos a votar com o Governo”, anunciou o partido num comunicado.

Pouco antes, Ben Gvir tinha elogiado o ataque em Gaza, em particular o primeiro-ministro Benjamim Netanyahu, sublinhando ter chegado a altura de “se mudar a política de Israel em Gaza”.

Com este anúncio, o Poder Judaico, que tem seis deputados e representa a ala mais extremista do governo, termina quase uma semana de boicote a reuniões, sessões e votações no Knesset (parlamento), bem como à reunião semanal do gabinete no domingo.

O boicote começou na passada quarta-feira, depois de um cessar-fogo ter posto fim a uma breve troca de tiros que incluiu o lançamento de mais de 100 foguetes a partir de Gaza, argumentando que os bombardeamentos de retaliação israelitas constituíam uma “resposta fraca” do ponto de vista militar.

Em reação ao bombardeamento israelita, a Câmara de Operações Militares Conjuntas, que reúne as fações armadas palestinianas em Gaza — incluindo o JIP e o movimento islamita Hamas — advertiu que Israel “vai pagar o preço da agressão”, numa alusão a uma possível resposta armada.

Fontes palestinianas em Gaza disseram à agência noticiosa espanhola EFE que o Hamas informou o JIP de que participaria na iminente resposta armada contra Israel, ao contrário da última grande escalada na área, em agosto de 2022, em que optou por ficar fora dos combates.

Os funerais das vítimas mortais da “Operação Escudo e Flecha”, perpetrada por Israel, estão a decorrer em Gaza e, segundo a EFE, as milícias estão à espera que terminem para iniciarem os esperados disparos de foguetes, depois de terem jurado “vingança”.

Perante a possibilidade iminente de disparos de foguetes, Israel declarou uma situação de emergência num perímetro de 40 quilómetros em redor de Gaza, numa zona em que escolas, lojas e estradas foram encerradas e os civis receberam instruções para se manterem perto dos abrigos públicos designados para ataques aéreos.

Em Gaza, os edifícios públicos permaneceram esta terça-feira encerrados, com as pessoas a saírem à rua apenas para se abastecerem de bens de primeira necessidade em caso de escalada, uma vez que os disparos de foguetes têm também como resposta novos bombardeamentos israelitas.

Os pontos de passagem de Erez e Kerem Shalom, que permitem a passagem de pessoas e mercadorias entre Israel e a Faixa de Gaza, vão também permanecer encerrados durante o período de emergência, impossibilitando, de momento, a evacuação de civis em Gaza, onde, sob bloqueio, vivem cerca de 2,5 milhões de palestinianos.