Ron DeSantis, governador da Flórida e um dos possíveis candidatos à nomeação republicana para a corrida à Casa Branca, assinou um projeto-lei para impedir que as universidades públicas do estado gastem fundos em programas de diversidade, igualdade e inclusão (DEI, na sigla em inglês).

De acordo com o Washington Post, o projeto-lei também quer limitar a forma como as questões raciais são discutidas em vários cursos. Numa conferência na New College da Flórida, em Sarasota, DeSantis deu continuidade à abordagem conservadora, referindo que a sigla DEI que tem sido implementada no país deve ser vista como “discriminação, exclusão e doutrinação”. E, aos olhos do governador republicano, “não há lugar para isso nas instituições públicas”, com DeSantis a decretar que “o projeto-lei diz que toda a experiência da DEI está a chegar ao fim no estado da Flórida”.

Segundo a imprensa norte-americana, as universidades daquele estado deixam de poder gastar dinheiro em programas que, em alguns casos, ajudam os estudantes a concorrer à faculdade através de determinados critérios, baseados por exemplo na etnia.

DeSantis também quer mexer na forma como algumas unidades curriculares, dedicadas ao que considera serem “disciplinas de nicho”, são lecionadas. São referidas proibições ou limitações a disciplinas que “distorçam eventos históricos significativos”, que ensinem “políticas de identidade” ou que são “baseadas em teorias que referiam que o racismo sistémico, sexismo, opressão ou privilégio são inerentes às instituições dos Estados Unidos e que foram criadas para manter as desigualdades sociais, políticas e económicas”, cita o Washington Post.

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Esta legislação tem sido alvo de contestação tanto no estado da Flórida como a nível internacional. Irene Mulvey, a presidente da Associação Americana de Professores Universitários, disse em entrevista ao Washington Post que se trata de “censura mandada pelo estado, algo que não tem lugar na democracia”.

Ron DeSantis é o governador que tem defendido a polémica legislação “Don’t Say Gay”, que quer proibir lições sobre identidade de género e orientação sexual nas escolas públicas do estado. A gigante Disney, que tem um dos seus principais parques temáticos em Orlando e é o segundo maior empregador da Flórida, opôs-se publicamente à proibição. DeSantis acusou a Disney de ser um “Magic Kingdom de corporativismo woke”.

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Este ano, o braço de ferro entre a Disney e DeSantis escalou, com a conhecida empresa a avançar para a justiça para processar o governador da Flórida, argumentando que o governador terá alegadamente punido a empresa por ter criticado a política “Don’t Say Gay”. “Depois de ter esgotado todos os esforços para procurar uma solução, a empresa não tem outra escolha a não ser o início de um processo judicial para proteger os seus funcionários, visitantes e parceiros locais de uma campanha implacável para tornar o poder governamental numa arma contra a Disney , em retaliação contra uma opinião política impopular para certos elementos do governo”, explicou a companhia no processo.

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