O líder do Chega, André Ventura, considerou hoje que a declaração do ex-Presidente da República Aníbal Cavaco Silva sobre a governação socialista foi “ao mesmo tempo certeira e incompleta”, insistindo que o executivo “chegou ao fim”.
Num vídeo enviado à imprensa, o presidente do Chega defendeu que as palavras de Cavaco Silva – que no sábado criticou duramente o Governo liderado por António Costa – foram certeiras por dizer “o óbvio”. “Este Governo chegou ao fim, António Costa deveria ter a coragem de se demitir e é um Governo assente em mentira e em propaganda”, considerou. Mas para André Ventura, a mensagem do antigo primeiro-ministro do PSD e ex-chefe de Estado “é também incompleta e incerta”.
André Ventura argumenta que “foi o Chega o primeiro partido a apresentar uma moção de censura na Assembleia da República [‘chumbada’ em 06 de julho de 2022] precisamente com os argumentos” de que o país estava “no caminho errado, da mentira e da propaganda”.
O presidente do Chega acrescenta ainda que “Cavaco Silva ignora o seu próprio papel na criação da ‘geringonça’ e depois, naturalmente, no Governo do PS”, dizendo que foi o ex-Presidente “quem deu posse à maioria liderada por António Costa, composta pelo BE e pelo PCP”.
“Estamos de acordo que este Governo chegou ao fim, mas tudo temos feito para que este Governo chegue efetivamente ao fim e apresentar uma alternativa aos portugueses. Outros partidos à direita parecem muitas vezes andar hesitantes sobre se este é ou não o caminho”, salientou. Ventura reiterou o compromisso do Chega para que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, “possa rapidamente compreender que tem à direita uma alternativa”.
No sábado, o antigo Presidente da República Aníbal Cavaco Silva acusou o Governo de ser especialista em “mentira e propaganda”, num discurso muito crítico do executivo no 3.º Encontro Nacional dos Autarcas Social-Democratas (ASD), em Lisboa.
“Há que resgatar o debate político porque ele é importante em democracia. Segundo o que vemos, ouvimos e lemos, existem duas áreas em que o Governo socialista é especialista: na mentira, e na propaganda e truques”, acusou Aníbal Cavaco Silva.
Considerando que o primeiro-ministro “perdeu a sua autoridade”, Cavaco Silva afirmou que por vezes os chefes de Governo “decidem apresentar a sua demissão” devido a “um rebate de consciência”.
“Em princípio, a atual legislatura termina em 2026. Mas às vezes os primeiros-ministros, em resultado de uma reflexão sobre a situação do país ou de um rebate de consciência, decidem apresentar a sua demissão e têm lugar eleições antecipadas — foi isso que aconteceu em março de 2011”, afirmou o também antigo primeiro-ministro do PSD. Cavaco Silva defendeu que “o PSD é inequivocamente a única, verdadeira alternativa credível ao poder socialista” e considerou que o líder do PSD está “tão ou mais bem preparado” do que ele próprio quando foi chefe de Governo.