O chefe das operações de paz das Nações Unidas (conhecidas como “capacetes azuis”), Jean-Pierre Lacroix, criticou esta quinta-feira as divisões entre as grandes potências no Conselho de Segurança da ONU, afirmando que estas cisões fragilizam estas forças.

Jean-Pierre Lacroix, secretário-geral adjunto das Nações Unidas desde 2017, vangloriou-se, no entanto, da longa lista de países, especialmente em África, que beneficiaram dos “milhões de homens e mulheres que servem sob a bandeira das Nações Unidas” desde 1948.

As forças de paz das Nações Unidas completam 75 anos na segunda-feira, data em que anualmente se comemora o Dia Internacional dos Capacetes Azuis.

Guterres presta homenagem aos 103 “capacetes azuis” mortos em 2022

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Contudo, este ano, devido ao feriado prolongado nos Estados Unidos (para celebrar o ‘Memorial Day’), a ONU assinalou esta quinta-feira este 75.º aniversário em memória dos “mais de 4.200 (capacetes azuis) mortos pela causa da paz” desde 1948, nas palavras do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.

Numa intervenção citada pelas agências internacionais, Lacroix lamentou que, 75 anos após a criação dos “capacetes azuis”, os Estados-membros da ONU estejam divididos, dizendo que essas cisões prejudicam o trabalho das forças de paz, nomeadamente por causa dos impasses verificados com frequência no Conselho de Segurança, órgão máximo das Nações Unidas devido à sua capacidade de fazer aprovar resoluções com caráter vinculativo.

O representante afirmou que a ONU tem agora “mais dificuldade em atingir os objetivos últimos da manutenção da paz: o destacamento, o apoio à implementação de acordos de paz”.

Mais de 87.000 pessoas de 125 países estão atualmente destacadas em 12 operações de paz em todo o mundo: Líbano, Mali, República Democrática do Congo, Chipre, Índia e Paquistão, entre outros.

Lacroix recordou que “a comunidade internacional era muito mais unida” na sua origem, destacando que em diversos cenários de guerra a atuação dos “capacetes azuis” se tornou mais vulnerável, devido às divisões dentro das Nações Unidas.

Um exemplo destas dificuldades, segundo Jean-Pierre Lacroix, encontra-se no Mali, onde os soldados franceses tiveram de abandonar o território, quando a Rússia (que é um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e que tem poder de veto) convocou mercenários do Grupo Wagner para os atacar.

A Alemanha, o maior contribuinte para essa operação naquele país africano, com 1.000 soldados de paz, confirmou no início de maio a retirada das suas tropas dentro de um ano.