Uma família norte-coreana, que incluía uma criança de dois anos, foi condenada a prisão perpétua num campo de prisioneiros em 2009 por ser cristã, revelou o mais recente relatório sobre liberdade religiosa do Departamento de Estado norte-americano.
O documento, que cita um relatório de 2021 a Korea Future, uma organização não-governamental que investiga e documenta as violações dos direitos humanos na Coreia do Norte, dá conta de diferentes abusos cometidos contra norte-coreanos por professarem as mais diferentes religiões e credos. A Coreia do Norte é um estado ateu e, como tal, a prática religiosa é amplamente desencorajada.
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O relatório do Korea Future tem por base entrevistas com 244 vítimas de perseguição religiosa com idades compreendidas entre os dois e 80 anos, a maioria dos quais aderentes do xamanismo (150) e do cristianismo (91). A maior parte dos entrevistados eram mulheres (mais de 70%), acusadas de diferentes práticas religiosas na Coreia do Norte e na China ou de possuírem objetos religiosos, entre outros crimes.
Uma vítima condenada a cumprir pena num campo de prisioneiros descreveu que tinha de trabalhar sem ser adequadamente alimentada. “Sofri de má nutrição e não tinha a certeza de que sobreviveria”, contou, confessando que chegou a pesar “apenas 35 quilos” e que “parecia um esqueleto”. De acordo com o relatório do Departamento de Estado norte-americano, outros prisioneiros foram alvo de violência física e psicológica, forçados a ficar em posições desconfortáveis por longos períodos de tempo e obrigados a ingerir comida contaminada.
O documento relata ainda o caso de uma família cristã, condenada em 2009 a prisão perpétua pelas suas práticas religiosas e por possuir uma Bíblia. Todo o agregado familiar foi levado para um campo de prisioneiros, incluindo uma criança de dois anos.
Segundo um relatório da Open Doors USA, uma organização não-governamental que trabalha a favor dos cristãos perseguidos, também citado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos, os cristãos são considerados “a mais perigosa classe política” na Coreia do Norte e a sua perseguição é “violenta e intensa”. O documento descreve a vida dos cristãos norte-coreanos como “um caldeirão constantemente sob pressão” e estima que entre 50 mil e 70 mil estejam presos.