Salvos do default por um telefonema de 90 minutos entre Joe Biden e Kevin McCarthy ao final da noite deste sábado. A poucos dias do Governo federal norte-americano entrar tecnicamente em falência, o presidente americano e o líder da maioria do Partido Republicano na Câmara de Representantes terão conseguindo um princípio de acordo nessa hora e meia ao telefone.

A notícia foi avançada por fonte familiarizada com as negociações à agência Reuters.

É verdade que, seja qual for o acordo a que ambos tenham chegado, precisa receber ainda a aprovação de um muito dividido Congresso dos EUA. O que significa em concreto que o republicano McCarthy vai precisar de apoio dos membros democratas para fazer a proposta passar pela Câmara, dada a estreita maioria dos republicanos na Câmara dos Deputados.

O prazo para aumentar o teto da dívida do país e evitar um default tinha sido aumentado para 5 de junho, por isso a notícia chega pouco mais de uma semana antes de o governo dos EUA ficarem sem fundos para pagar todas as suas contas. Algo que, segundo as previsões da maioria dos economistas, traria consequências desastrosas para a economia dos Estados Unidos e para os mercados globais, resultando na perda de milhões de empregos e numa redução significativa do produto interno bruto dos Estados Unidos.

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“A única forma de avançar é com um acordo bipartidário”, disse há dias o Presidente dos EUA, colocando de lado a possibilidade de tentar uma solução unilateral a partir da Casa Branca e contornando a autorização do Congresso. O acordo, afinal, precisou apenas de um telefonema. Ainda que longo.

Dos detalhes do acordo, sabe-se ainda muito pouco. Num comunicado este sábado à noite, Joe Biden disse que “o acordo representa um compromisso, o que significa que nem todos conseguem o que querem. É essa a responsabilidade de governar”, sublinhando que este acordo permite evitar um “incumprimento catastrófico” e “proteger as prioridades” e “as conquistas legislativas dos democratas no Congresso”. Este compromisso “reduzia as despesas, ao mesmo tempo que protegia os programas públicos essenciais”, avançou.

Já McCarthy, em breves declarações à imprensa no Capitólio, também se escusou a avançar grandes detalhes, mas garantiu que “ainda há muito trabalho a fazer”. “Acho que este é um acordo de princípio que é valioso para os cidadãos norte-americanos”, disse o líder republicano, que não respondeu a perguntas da imprensa. McCarthy garantiu que falará com Biden “amanhã [hoje] à tarde” antes de publicar o texto, que será votado na quarta-feira.

Notícia atualizada a 28 de maio às 9h55 para incluir as declarações de Biden e McCarthy.