Líderes políticas de todo o mundo apelaram esta quarta-feira à representação das mulheres e ao papel que podem desempenhar na preservação da paz e segurança durante a 10ª Cimeira de Mulheres Líderes Políticas, realizadas no Parlamento Europeu.
As mulheres contaram as suas experiências nos países de origem, como Etiópia, Moldávia e Bielorrússia, e os desafios que enfrentam para alcançar a igualdade de participação na sociedade.
A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, afirmou que ainda há “muito a fazer” para garantir a participação das mulheres em cargos de liderança e apelou a uma “verdadeira” mudança de mentalidade em muitos países para permitir uma maior inclusão.
“A verdade é que, mesmo com modelos a seguir, mesmo com liderança, ainda existem demasiados obstáculos, demasiados tetos sem barreiras. Não apenas na política, mas em todas as áreas“, observou Metsola.
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Metsola considerou, no entanto, que apesar dos desafios as mulheres em posições de poder em diferentes domínios “mudaram o mundo” e “quebraram barreiras e deitaram tabus para o caixote do lixo da história”, na ciência, tecnologia, matemática, educação, nas artes e no jornalismo.
Sviatlana Tsikhanouskaya, líder da oposição bielorrussa, afirmou que “mais mulheres na política significará mais empatia, humanidade e sabedoria nas nossas decisões”. Tsikhanouskaya recordou que na Bielorrússia existem mais de 200 mulheres presas políticas em resultado dos protestos que eclodiram no país após as eleições de 2020, nas quais o atual presidente, Aleksandr Lukashenko, se manteve no poder após 26 anos à frente do país.
As mulheres bielorrussas foram as primeiras a protestar contra a brutalidade policial que tentou impedir estas manifestações e exigiram, durante o seu discurso na cimeira, a libertação incondicional das mulheres presas.
“Devemos recordar que quando votamos a favor do que o ditador quer que votemos, por exemplo, o levantamento das sanções, estamos a contribuir para o sofrimento destas mulheres”, afirmou.
A Presidente da Etiópia, Sahle-Work Zewde, referiu que, em contextos de conflito, “as mulheres são retratadas como vítimas”, uma vez que perdem as suas casas e são obrigadas a deslocar-se para outros locais. No entanto, afirmou que, embora muitas não ocupem posições de influência política, contribuem para soluções pacíficas para os conflitos nas suas regiões.
“Na Etiópia, as mulheres líderes têm desempenhado um papel fundamental na conquista da independência e da justiça ao longo da nossa história”, afirmou.
A guerra na Ucrânia obrigou mais de 780 mil refugiados ucranianos a atravessar a fronteira com a Moldávia desde fevereiro de 2022, explicou a primeira-ministra da Moldávia, Natalia Gavrilita. Durante o seu discurso, Gavrilita disse estar orgulhosa pelo facto de o governo liderado por mulheres ter sido responsável por lidar com as crises desencadeadas pela invasão russa da Ucrânia e por ter alcançado, sob o seu mandato, o estatuto de país candidato à União Europeia (UE).
“Será coincidência que todas estas conquistas tenham acontecido quando a Moldávia era um dos poucos países e, durante algum tempo, o único país onde tanto o Presidente como o primeiro-ministro eram mulheres?”, questionou.