Os senadores suíços aprovaram esta quinta-feira a criação de uma comissão parlamentar de inquérito, extremamente rara no país, para esclarecer como as autoridades lidaram com a aquisição do Credit Suisse pelo UBS.
Os senadores votaram a favor da comissão por 37 votos contra cinco, assim como os deputados já haviam feito, na quarta-feira, desta vez por unanimidade.
Esta comissão pretende avaliar “a legalidade, oportunidade e eficácia das atividades” das autoridades suíças na aquisição do Credit Suisse pelo UBS, tendo como objetivo informar as duas câmaras sobre as responsabilidades e quaisquer “lacunas observadas a nível institucional”.
Para evitar que o segundo maior banco do país fosse à falência, as autoridades suíças organizaram a aquisição pelo UBS sob a liderança do Ministério das Finanças, do banco central e da Finma, a autoridade de supervisão financeira.
Em 19 de março, o UBS concordou em comprar o rival por 3.000 milhões de francos suíços (equivalente em euros), sujeito a garantias da Confederação.
A comissão de inquérito será composta por 14 membros, representando deputados e senadores em partes iguais. Ele se certificará de representar todos os principais partidos. Um orçamento de 5 milhões de francos será alocado a ela para realizar seus trabalhos.
Na sexta-feira, o governo disse que deu o “total apoio” a esta comissão, considerando “útil e necessário avaliar em detalhe” os acontecimentos que levaram a este resgate de emergência.
As comissões parlamentares de inquérito são extremamente raras na Suíça, sendo esta apenas a quinta na história do Parlamento.
A última comissão parlamentar de inquérito data de 1995 e teve como objetivo apurar falhas relativas à Caixa Federal de Pensões, alicerce do sistema do reformas.
Esta é a ferramenta “mais poderosa” à disposição do Parlamento, que “o autoriza, entre outras coisas, a consultar as atas confidenciais do Conselho Federal e a realizar verdadeiros interrogatórios com altos funcionários”, observa o diário Swiss Le Temps.
A fusão do Credit Suisse pelo UBS, que deve ser finalizada em 12 de junho, levanta preocupações na Suíça quanto ao emprego, à concorrência e ao peso do banco em relação ao tamanho da economia suíça.
Para facilitar a aquisição, foram disponibilizados cerca de 259 mil milhões de francos, entre garantias da Confederação e liquidez emprestada pelo banco central.