O Presidente da República disse este sábado não ver qualquer “problema político específico” na escala do primeiro-ministro na Hungria, onde assistiu a um jogo de futebol com Viktor Orbán, sublinhando que os dois países são aliados na União Europeia. E lembrou que também ele já foi “vítima de uma injustiça” semelhante.

“A Hungria é um estado da União Europeia (UE). [Viktor Orbán] é um primeiro-ministro da União Europeia. Podemos concordar ou discordar dele nas migrações, na política económica e social e em muita coisa, mas faz parte do grupo de países que são nossos aliados naturais na UE“, disse Marcelo Rebelo de Sousa.

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O chefe de Estado português falava, em declarações à RTP1, em Belém, antes de assistir ao jogo da seleção de Portugal, que defronta este sábado a Bósnia-Herzegovina, no Estádio da Luz, em Lisboa.

Na sexta-feira, o Presidente da República tinha já adiantado que o primeiro-ministro o tinha informado da escala em Budapeste e que a paragem se teria devido ao desejo de o chefe do Governo querer dar um abraço a José Mourinho, treinador português da equipa italiana Roma que disputava a Liga Europa de futebol com o Sevilha.

Este sábado, questionado sobre se a paragem não deveria constar da agenda pública do primeiro-ministro, Marcelo Rebelo de Sousa remeteu a pergunta para António Costa, mas mostrou-se convencido de que se tratou de uma decisão de “última hora”.

“Acho que decidiu à última hora. Veio a uma audiência e saiu diretamente para a Moldova. Tenho a impressão que lhe deve ter ocorrido que calhava no caminho, era preciso fazer uma escala técnica”, devido a uma eventual “falta de autonomia” do avião da Força Aérea, o Falcon 50, em que viajava, e “aproveitou para ver o futebol”, sublinhou.

“O facto de no caminho ter feito uma escala ou ter parado durante uma hora e meia ou duas horas para dar apoio a um português e ver um jogo de futebol, francamente não vejo que politicamente haja qualquer problema específico”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.

O Presidente da República desvalorizou o encontro, que tem sido alvo de várias críticas depois de o Observador ter noticiado que Costa assistiu ao jogo ao lado de Orban, frisando que tem “divergências com o primeiro-ministro e o Governo” mas que neste caso “não há compromisso político”. Confrontado com o que se passou com ele em 2016, na polémica viagem a Lyon, para asssistir a uma meia-final de futebol da seleção portuguesa Marcelo disse-se “vítima de uma injustiça”: “Achava-se que havia voo comercial e não havia. Acabei por pagar a viagem”, recordou.

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A agência Lusa questionou o gabinete do primeiro-ministro sobre este assunto, mas não obteve resposta até ao momento.