A Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) abriu o processo de classificação do Padrão dos Descobrimentos, incluindo a Rosa-dos-Ventos, em Lisboa, de acordo com o anúncio publicado em Diário da República esta quarta-feira.

O anúncio relativo ao imóvel vandalizado, pelo menos, duas vezes nos últimos três anos está datado de 29 de maio e assinado pelo diretor-geral do Património Cultural, João Carlos dos Santos. Em 2021, uma estudante francesa escreveu, em “graffiti”, “Blindly sailing for monney [sic], humanity is drowning in a scarllet [sic] sea lia [sic]”, o que, numa tradução livre, podia ser lido em português como “Velejando cegamente por dinheiro, a humanidade afunda-se num mar escarlate”.

Na semana passada, o Padrão dos Descobrimentos voltou a ser vandalizado, com pichagens “de dimensão reduzida [que] não provocaram danos”, como disse fonte oficial da empresa municipal EGEAC à agência Lusa. Em fevereiro de 2021, o Fórum Cidadania LX apresentou um requerimento para a classificação do Padrão dos Descobrimentos, o que só veio a ter sequência em junho do ano seguinte quando o Departamento dos Bens Culturais da DGPC propôs a classificação do edifício, a par da calçada envolvente.

Padrão dos Descobrimentos poderá ser classificado como monumento nacional ou de interesse público 63 anos depois

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De acordo com a DGPC, a proposta mereceu a concordância da Secção do Património Arquitetónico e Arqueológico do Conselho Nacional de Cultura, o que levou o diretor-geral do Património Cultural a determinar, por despacho, a abertura do procedimento. O Padrão dos Descobrimentos estava já incluído na Zona Especial de Proteção (ZEP) do Mosteiro dos Jerónimos e na ZEP do Museu de Arte Popular.

Situado à beira Tejo, o Padrão dos Descobrimentos foi desenhado pelo arquiteto Cottinelli Telmo e pelo escultor Leopoldo de Almeida para ser mostrado na Exposição do Mundo Português, que se realizou em 1940, tendo por objetivo ser “uma construção efémera” e não permanente, pelo que foi demolido em 1943.

“A ideia de reconstruir o padrão esteve presente desde que se inicia a desmontagem dos edifícios da Exposição e se planeia o novo arranjo urbanístico da zona, ideia bem acolhida pelo ministro [das Obras Públicas] Duarte Pacheco e que conta com a resistência de Cottinelli Telmo; o projeto vem a ser esquecido após a morte do ministro [em 1943]”, pode ler-se na entrada sobre o Padrão na página da DGPC.

EGEAC: pichagem junto ao Padrão dos Descobrimentos já foi removida

Em 1960, por ocasião da comemoração dos 500 anos da morte do Infante D. Henrique, o Padrão dos Descobrimentos foi reconstruido em betão e cantaria de pedra rosal de Leiria, e as esculturas em cantaria de calcário de Sintra.