Marcelo Rebelo de Sousa pediu esta quarta-feira aos bancos centrais cuidado nas palavras quando falam sobre a subida das taxas de juro, pelo impacto que estas têm na vida das pessoas. “Os bancos centrais deveriam ter muito cuidado com aquilo que dizem publicamente. Recordo-me, não há muito tempo, de os bancos centrais dizerem que os juros não iriam aumentar e agora dizem que é possível que possam aumentar, não apenas este ano, mas, quem sabe, no ano que vem”. “Não é bom para ninguém”, acrescentou.
Estas comunicações sobre a subida das taxas de juro têm, segundo o Presidente da República, “um efeito de perturbação nas pessoas, nas economias e nos mercados, que não é bom para ninguém”.
Lagarde. BCE “não está a equacionar, neste momento”, fazer uma pausa nas subidas de juros
“O que se exige do Governo e dos bancos centrais é muito cuidado no discurso que se tem, porque isso é muito sensível no dia a dia das pessoas. A subida dos juros significa multiplicar por dois ou por três, em espaço temporal recorde, a prestação da habitação”, por exemplo. Marcelo Rebelo de Sousa, que falava aos jornalistas à margem do Fórum Jurídico de Lisboa, acrescentou ainda que, além das prestações das casas, o anúncio da subida das taxas de juros pode levar ainda muitas pessoas a “contrair novo crédito para consumo para equilibrar” as contas.
“É uma matéria um pouco sensível. Quanto mais cuidadosos formas na previsão do futuro, penso que melhor”, acrescentou, precisamente no dia em que o Banco Central Europeu (BCE) anunciou que as taxas de juro vão continuar a subir. Durante a manhã desta quarta-feira, Christine Lagarde, que esteve em Sintra, disse que o BCE “não está a equacionar, neste momento”, fazer uma pausa nas subidas das taxas de juro, confirmando que, “muito provavelmente”, irá haver mais uma subida em julho, para 3,75%.