O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, propôs esta terça-feira analisar a possibilidade de redirecionar, em plena guerra, pelos territórios ucranianos anexados parte do tráfego de automóveis de turistas russos que se dirigem para a península da Crimeia.

Esta hipótese está a ser equacionada devido aos engarrafamentos que se formam na ponte Kerch, que liga à Crimeia, alvo de uma explosão em outubro de 2022 e entretanto reaberta, devido aos controlos de segurança.

A Crimeia é, segundo o Washington Post, um dos destinos favoritos dos russos, tanto das elites como dos cidadãos comuns, e o país tem investido na zona para atrair turistas. “As praias mais brancas da Crimeia!” ou “Praias extensas, mares límpidos e uma infraestrutura hoteleira em desenvolvimento não o deixarão indiferente!” são alguns dos anúncios que estão a chegar aos turistas russos.

Um guia turístico da Crimeia da região garantiu ainda que, apesar de o país e a região estarem em guerra, não têm “medo de nada”. “É o lugar mais seguro do país em termos de defesa e armas. E isto não é propaganda”, assegura, sublinhando que ninguém teria dúvidas “se passassem um único dia em Lugansk, Donetsk e na Crimeia e falassem com os residentes locais”.

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Numa reunião em formato virtual com membros do Governo, Putin disse que concordava em avaliar “todas as possibilidades”, depois de observar que o governador de Krasnodar, Veniamín Kondratiev, tinha apontado para esta opção, apesar de implicar a passagem por Lugansk, Donetsk, Kherson e Zaporijia, áreas localizadas em plena zona de guerra na Ucrânia.

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Cerca de 100 viaturas aguardam no continente russo, concretamente em Kuban, para poderem atravessar a ponte, uma vez que por questões de segurança no contexto da guerra todas as viaturas estão a ser controladas.

A única alternativa é um serviço de seis barcos. O ministro dos Transportes da Rússia, Vitali Saveliev, espera que o pico do congestionamento seja atingido entre os dias 16 e 17 deste mês, indicando que o tráfego de automóveis em direção à península da Crimeia aumentou 40% desde 1 de julho.

A fila chegou a 13 quilómetros na segunda-feira, embora esta terça-feira tenha sido reduzida para quatro, segundo o ministro dos Transportes da Crimeia, Nikolai Lukashenko.

Saveliev referiu ter falado esta terça-feira de manhã com o ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, que lhe ofereceu dois grandes navios anfíbios com capacidade para transportar 40 viaturas.

Shoigu também defendeu que a reabertura do tráfego pela ponte Chongar, entre a Crimeia e a região ucraniana de Kherson, zona na linha da frente no sul do país e que foi recentemente bombardeada pela Ucrânia, pode ser usada como rota alternativa.

A diretora executiva dos Operadores Turísticos da Rússia (ATOR), Maia Lomidze, disse à agência oficial TASS que, de momento, não houve cancelamentos de pacotes turísticos para a Crimeia devido aos engarrafamentos.

Os operadores preveem uma redução do fluxo turístico na Crimeia nesta temporada entre 15% e 20% em relação a 2022.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).