Três joias da coroa grega – mais precisamente a coroa, o cetro e a espada de ouro que pertenceram ao primeiro Rei grego, Oto I e estavam desaparecidos – foram encontradas dentro de caixas nas obras e no inventário do Palácio Real de Tatoi.
O palácio nos arredores de Atenas foi casa da família real grega antes da monarquia ter acabado naquele país e tem estado ao abandono há décadas. Recentemente, o governo grego teve a iniciativa de recuperar o edifício com o objetivo de fazer dele uma atração turística e foi nas obras de restauro e no inventário do conteúdo do espaço que as joias da coroa foram descobertas. A coroa foi vista nos funerais dos reis Pavlos e Federica, os pais da rainha Sofia, em 1964 e 1981, respetivamente, e estava desaparecida desde então, segundo a Vanity Fair.
O ministério da Cultura grego mencionou a descoberta das peças numa publicação na sua página de Instagram, com uma série de fotografias das mesmas. Na legenda pode ler-se que as joias foram encontradas “em Tatoi, durante os trabalhos de documentação dos bens culturais e objetos móveis por funcionários dos serviços competentes do ministério da Cultura”. As peças estavam “em muito bom estado, bem conservadas e cuidadosamente embaladas”.
“A descoberta das insígnias reais de Oto, Rei da Grécia, foi inesperada”, confessa Lina Mendoni, porta-voz do ministério da Cultura grego, na mesma publicação. “A sua importância é extraordinária para o estado grego, independentemente da mudança de estado que tenha ocorrido. Elas são a primeira insígnia oficial do novo estado grego e oferecem traços tangíveis da sua continuidade ao longo do tempo.”
Mendoni acrescenta que as peças pertencem “ao povo grego e à nação” e que, quando a manutenção estiver acabada e depois de consulta do primeiro-ministro e do presidente da Assembleia da República, as peças serão entregues ao parlamento para ficarem em exposição permanente no salão dos troféus, no Parlamento.
O príncipe Pavlos da Grécia, o filho mais velho dos últimos reis gregos, Constantino e Ana Maria, reagiu na sua conta de Instagram onde publicou duas fotografias acompanhadas da legenda “Parabéns ao Ministério da Cultura”.
À boleia das obras de recuperação está também a ser feito um inventário do conteúdo do palácio. Há três anos foi encontrada a carruagem que transportou Sofia e Juan Carlos, na altura ambos ainda príncipes, no dia do seu casamento, em 1962, e que estava perdida.
Tatoi foi o palácio onde os reis Pavlos e Federica passaram muitos momentos em família com os três filhos: o Rei Constantino, último soberano da Grécia, a rainha Sofia de Espanha e a princesa Irene. Constantino ascendeu ao trono em 1964, depois da morte do pai, mas a família real teve de abandonar o país e partir para o exílio em 1967. Em 1973 a monarquia foi abolida na Grécia e durante décadas os membros da família real não puderam sequer frequentar o país. Em janeiro de 2023, quando Constantino II morreu, foi na propriedade deste palácio que foi sepultado, junto dos restantes antepassados.
As joias encontradas são feitas em ouro, metais folheados a ouro e esmalte e o valor histórico é incalculável. Segundo a Vanity Fair, as peças foram encomendadas pelo pai de Oton, Luis da Baviera, aos ourives Fossin et Fils e Jules Manceaux em 1832. As joias iam ser um presente de aniversário para o filho, que atingia a maioria de idade nesse ano e ia ser coroado Rei. Contudo, as peças foram transportadas de barco e não chegaram à Grécia a tempo, por isso a cerimónia teve de ser realizada sem elas. Quando Oton deixou a Grécia, em 1862, e se exilou na Baviera levou as joias consigo, mas elas regressariam ao país heleno em 1959 para a coroação do Rei Jorge I da Grécia, bisavô paterno da rainha Sofia, e soberano que iniciou uma nova dinastia.
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