David Hunter, que foi condenado em julho a dois anos de prisão no Chipre por ter assassinado a mulher, Janice Hunter, que tinha um cancro no sangue terminal, foi libertado esta segunda-feira. O tribunal considerou que o ex-mineiro britânico de 75 anos cumpriu a pena enquanto aguardava julgamento na única prisão da ilha, noticiou o The Guardian.
Janice Hunter, de 52 anos, morreu a 18 de dezembro de 2021, asfixiada pelo marido, na casa do casal em Paphos, uma cidade costeira muito popular entre os imigrantes britânicos no Chipre. Janice, que tinha dores e que não se conseguia mexer devido à doença, apelou ao marido que acabasse com o seu sofrimento, um pedido a que David acabou por aceder.
A eutanásia não é legal no Chipre, um país fortemente influenciado pela Igreja Ortodoxa e onde a questão é considerada tabu.
Depois de avisar o cunhado, que vive no Reino Unido, David Hunter tentou matar-se. Acabou por ser detido pela polícia, que foi alertada pelo irmão da mulher. Durante oito meses, partilhou uma cela com outros 11 homens na prisão central de Nicosia. Esta segunda-feira, foi informado de que seria imediatamente libertado porque, no sistema legal cipriota, dez meses de prisão contam como um ano. A sua sentença foi considerada cumprida.
O advogado Michael Polak, do grupo Justice Abroad, que coordenou a defesa do britânico, mostrou-se muito satisfeito com a decisão do tribunal. “A sentença não foi fácil, uma vez que um caso como estes nunca tinha julgado no Chipre”, disse, citado pelo The Guardian. “Este foi um caso trágico e difícil para todos os envolvidos, mas a decisão de hoje foi a acertada e permite que o David e a sua família possam fazer o luto juntos.”
Lesley Cawthorne, a única filha do casal, que apoiou o pai ao longo de todo o processo, confessou que pensava que nunca mais ia ver o pai e que o tinha perdido “para sempre”. “É incrível, não sei o que dizer. Quando o vir, vou abraçá-lo e nunca mais o vou largar”, disse, de acordo com o The Guardian.
Questionado pelos jornalistas à porta da prisão, David Hunter admitiu que não conseguia explicar como se sentia. “Quando passamos dois anos sob pressão, sem saber como é que as coisas vão a correr, não sabemos [como nos sentimos]”, afirmou.