“A minha ansiedade está em níveis máximos. Até tenho medo de ir ao dentista e que eles me apanhem e me enviem para a guerra.” Alex é um jovem russo de 30 anos, que trabalha numa fábrica em Moscovo e que falou com a BBC. É um dos muitos jovens russos que, ao longo das últimas semanas, começam a temer serem recrutados para o exército e enviados para a linha da frente na guerra da Ucrânia.

No final do mês de junho, a Rússia aumentou a idade máxima elegível para a recruta. Atualmente, todos os homens russos saudáveis, entre os 18 e os 30 anos, podem agora ser chamados para cumprir serviço militar, um aumento de três anos face ao nível anterior.

Mas essa não foi a única alteração: já antes, em abril, o Parlamento russo havia aprovado uma lei que digitalizou o processo de recruta, tornando mais fácil identificar onde está cada um dos homens elegíveis e garantir que não fogem à obrigação. As multas para os que fogem à recruta também aumentam a partir do próximo mês de outubro.

É por isso que Peter, outro jovem russo (27 anos) que falou com a BBC, garante ter agora a vida “em suspenso”: “Ia contrair um empréstimo este ano e comprar uma casa. Eu e a minha mulher estávamos a fazer planos para o futuro”. Agora, a partir do próximo mês de janeiro de 2024, Peter pode ser chamado, muito embora não queira ir combater. “Não me quero juntar ao exército, não quero participar nesta guerra e morrer pelos objetivos de outros”, diz.

A probabilidade de um recruta ser enviado para a linha de frente é, neste momento, elevada. Valentina, mãe de um soldado de 19 anos que foi recrutado no outono passado, conta como o filho foi enviado para a zona da fronteira russa perto da Ucrânia que tem sido alvo de ataques, em Bryansk: “Há sempre rockets a voar, as posições russas estão sempre a ser atacadas por drones”, conta a mãe. “Esta é mesmo uma tarefa apropriada para recrutas? Eles quase não têm treino”, desabafa.

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