Precisa de um plano tranquilo para o fim de semana? Pegue numa manta (e num lanchinho), afaste-se da cidade, desligue o telemóvel e deite-se ao luar para observar o maior espetáculo de chuva de estrelas do ano: as Perseidas.

A chuva de meteoros das Perseidas são visíveis, este ano, de 17 julho a 24 de agosto, mas o pico de atividade será na noite de 12 para 13 de agosto, ou seja, de sábado para domingo — mas, se está na Europa, pode escolher qualquer noite entre 11 e 14 de agosto para desfrutar do espetáculo.

De acordo com as previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, o céu estará limpo em todo o país (em Coimbra e Lisboa só até à meia-noite) e as temperaturas mínimas estarão acima dos 15ºC, com muitos locais acima dos 20ºC. De qualquer forma, mais vale prevenir e levar um agasalho.

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Se não conseguir sair para apreciar o espetáculo natural ou não estiver numa boa localização, pode sempre assistir em direto na sky-live.tv (aqui), que terá transmissão a partir das Canárias e Estremadura, em Espanha, a partir das 22h50 (hora de Lisboa).

Antes de se instalar confortavelmente com a vista desimpedida, tente perceber em que ponto do horizonte vai surgir a constelação de Perseus, a partir das 22h30. O Observatório Astronómico de Santana, nos Açores, sugere que procure a constelação de Cassiopeia (que tem a configuração de um “W”) a partir das 22 horas e que depois a use como referência para Perseus (que estará mesmo por baixo).

Porquê este interesse na constelação de Perseus? Porque é a esta constelação que a chuva de meteoros deve o nome. Quando vir os riscos brilhantes a cruzar o céu, à medida que as “estrelas cadentes” entram na nossa atmosfera, a sensação será que estão a entrar pela constelação de Perseus.

Claro que as estrelas e as constelações não estão desenhadas num manto escuro que envolve o nosso planeta, mas os desenhos imaginários que criam no céu servem de referência. Se mesmo assim sentir dificuldade, pegue no telemóvel (mas só por um bocado) e use uma aplicação (como Stellarium, por exemplo) para localizar a constelação.

Costumamos chamar chuva de estrelas e estrelas cadentes a estes fenómenos que cruzam o céu, mas a verdade é que as estrelas não caem e estes tratam-se, de facto, de meteoros — poeiras e calhaus espaciais que ao entrarem na atmosfera terrestre ardem e deixam o característico rasto de luz.

Meteoros, meteoritos e meteoroides: qual a diferença?

  • Meteoroides — é o nome dado aos materiais rochosos (poeiras ou maiores), que existem dispersos no sistema solar, antes de entrarem na atmosfera planetária. Distinguem-se dos asteroides e dos cometas porque são muito mais pequenos;
  • Meteoros — quando o meteoroide entra na atmosfera terrestre fica incandescente devido à fricção com a camada protetora do nosso planeta. É por isso que vemos um rasto brilhante;
  • Meteorito — se o meteoroide que entra na atmosfera terrestre não arde totalmente e cai na superfície da Terra (ou oceano) passa a chamar-se meteorito.

O cometa Swift–Tuttle passou há 30 anos e continuam a chover Perseidas — desta vez na companhia de uma super Lua

No caso das Perseidas, a origem está no cometa 109P/Swift-Tuttle que passou junto ao Sol em 1992 — e que só voltará neste ponto do sistema solar em 2125, visto que a sua órbita que demora 133 anos terrestres a ficar completa.

O cometa é um astro rochoso coberto de poeiras, gases e gelo. Quando se aproxima do Sol, o gelo derrete e os gases e poeiras formam a cauda característica do cometa. Se a Terra cruzar a órbita do cometa, avançando pelo meio do que restou da cauda do cometa, as poeiras entram na atmosfera da Terra dando origem a chuvas de meteoros, como as Perseidas.

Na mitologia grega, Perseu casou com Andrómeda, filha de Cassiopeia. Na tradição católica, o pico das Perseidas acontece depois do aniversário da morte do diácono Lourenço de Huesca, daí terem também o nome de “Lágrimas de São Lourenço” (conheça mais sobre estas lendas aqui).

Perseidas: a chuva de estrelas que conta uma história de amor e outra de martírio