“O PSD está seguramente a procurar disputar o seu espaço à direita”. É assim que António Mendonça Mendes reage à sequência de medidas apresentadas pelos sociais-democratas para aliviar o IRS. Em entrevista à RTP na noite desta quarta-feira, o secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro acusa o PSD de não responder ao programa político do partido e, pelo contrário, fazer “exatamente o contrário”.
“Aquilo que mudou foi uma competição à direita”, começou por dizer o socialista. “Porque há um partido hoje que ocupa um espaço relevante na direita, que é a Iniciativa Liberal, que se popularizou por fazer propaganda a baixar impostos, é o seu programa, monotemático, baixar impostos. Penso que o PSD está a procurar dar uma resposta às dificuldades que tem na direita.”
Porém, de acordo com Mendonça Mendes, o PSD está a beneficiar o Chega (“um outro partido à direita”, descreve, sem o identificar diretamente) com esta estratégia. “É o partido que se alimenta precisamente na falta de confiança dos portugueses nas instituições”, continua. “Quando alguém se apresenta nas eleições com um determinado programa tem obrigação de responder por esse programa e não fazer exatamente o contrário”, acrescentou ainda.
O secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro acusa ainda o PSD de fazer “estas propostas na sequência daquilo que foi a apresentação do programa de estabilidade do Governo em abril na qual é sinalizada a trajetória orçamental do país e a possibilidade de podermos fazer uma baixa de IRS”. “O que o PSD vem agora propor a meio do verão, já o governo tinha anunciado”, frisou.
António Mendonça Mendes chegou ao Governo em 2017 como secretário de Estado dos Assuntos Fiscais. É, desde novembro de 2022, secretário de Estado Adjunto de António Costa.