A etapa oito esteve longe de ser decisiva, mas trouxe uma novidade. Sepp Kuss, o gregário da Jumbo-Visma, conquistou a camisola vermelha. Não fosse Primoz Roglic estar a dar sinais tão positivos, tendo inclusivamente vencido a corrida deste sábado, e até se podia tratar de uma mega jogada de bluff da equipa para dar a Vuelta ao norte-americano. À partida, Kuss vai perder a liderança da classificação geral até à chegada a Madrid, mas não deixa de ser um prémio merecido para um corredor que tanto trabalhou para que Roglic vencesse o Giro e para que Vingegaard vencesse o Tour.

A Jumbo-Visma assumiu que, este sábado, Remco Evenepoel (Soudal Quick-Step) foi o alvo a abater. “A ideia era atacar primeiro, obrigar o Remco a fazer o seu trabalho, mas, de qualquer forma, não se pode seguir na roda de outros ciclistas numa subida tão difícil e não tive pernas para manter a diferença, principalmente com o Remco num ritmo tão forte”, confessou Kuss que se destacou ligeiramente na ponta final na subida a Xorret de Catí, mas não conseguiu segurar os metros conquistados face à concorrência.

A queda não parou João Almeida e Rui Costa ficou perto da glória: Jumbo-Visma vence etapa e lidera classificação geral da Vuelta

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Quem chegou em conjunto com o agora camisola vermelha foi João Almeida (UAE Team Emirates). O português caiu durante a corrida e, confessou no final, em declarações citadas pela Portuguese Cycling Magazine, a ponta final serviu para minimizar os prejuízos. “Foi um dia minimamente bom. Antes da queda, senti-me muito bem fisicamente, num dos meus melhores dias na bicicleta. Infelizmente, no final de uma subida, alguma coisa estava na estrada, perdi o equilíbrio e tive uma queda dura. O quadro ou o guiador impactou o meu músculo da perna que rapidamente ficou inchado e a doer. Depois, voltei à bicicleta e no resto da etapa tentei fazer o melhor possível. Felizmente, a dor foi diminuindo até à chegada. Consegui chegar com os favoritos, por isso foi um dia salvo. Não é nada de muito grave e espero ultrapassar nos próximos quatro/cinco dias para voltar ao meu nível normal”.

A etapa nove, que se corria neste domingo, prometia um pouco menos de agitação. A maioria dos elementos no pelotão já estava a pensar no dia de descanso que se ia seguir para remendar os defeitos do corpo, uma vez que, depois da pausa, se disputa um contrarrelógio que promete ser decisivo. Ainda assim, havia uma subida de primeira categoria em Puerto Casas de la Marina la Perdiz e uma chegada de segunda categoria no Alto Caravaca de la Cruz que marcava o fim dos 180,9 km.

Se se esperava alguma calma, a verdade é que a estratégia da Jumbo-Visma em aumentar o ritmo na contagem de primeira categoria, a 124,4 km da meta, causou muitos estragos e dividiu o pelotão. Por instantes, dos ciclistas do top 10, só Sepp Juss, Remco Evenepoel, Primoz Roglic e Jonas Vingegaard se mantiveram no grupo principal. A distância para o fim e o traçado pouco agressivo permitiu ao pelotão ficar de novo compacto. Ainda assim, não deixava de ser um teste para o que seria possível fazer junto à chegada.

Na fuga seguiam oito corredores. Amanuel Gehbreigzabhier (Lidl-Trek), Lennard Kamna (Bora-Hansgrohe), Jonathan Caicedo (EF Education-EasyPost), Matteo Sobrero (Jayco AlUla), Rubén Fernández (Cofidis), Chris Hamilton (DSM-Firmenich), Dani Navarro (Burgos-BH) and Jon Barrenetxea (Caja Rural-Seguros RGA). O João Almeida nunca largou os maiores protagonistas. Com o aproximar do final, e com o grupo da frente ainda vivo a mais de cinco minutos, a principal preocupação era o estado da zona de chegada que, devido ao mau tempo, se encontrava cheia de lama.

Kamna acabou por se destacar nos quilómetros finais, o suficiente para vencer a etapa, juntando-se ao conjunto de corredores que ganharam na Vuelta, no Tour e no Giro. No grupo dos principais, João Almeida atacou e foi acompanhado por Vlasov (BORA-hansgrohe). Juntos ganharam alguns segundos à concorrência. Roglic reagiu e deixou para trás Vingegaard e Mas (Movistar). Com os tempos neutralizados ligeiramente antes dos dois quilómetros devido aos problemas com a estrada, a chegada à meta fez-se a ritmo de passeio, mas com os efeitos óbvios dos estragos dos quais o português foi responsável.

Desta forma, João Almeida, que terminou a +3:11 de Kamna, subiu de novo ao top 10 da geral. O ciclista da UAE Emirates está a +33” (de acordo com a os tempos definitivos) de Remco Evenepoel, belga que ocupa o quarto lugar, mas que é o primeiro entre os corredores com reais hipóteses de ganhar a Vuelta.